Uberaba

Sem saída?

Escrito por Andrea Côrtes

Rua Sargento Luiz Gonzaga Martins Ribas, bairro Uberaba. Há seis anos era uma rua sem saída e os moradores aproveitavam bem a tranquilidade do local, que tinha até um pequeno jardim. Mas a situação mudou bastante há seis anos e a rua que antes era sem saída agora deu lugar a uma via bastante movimentada.

Abertura da rua é cercada de polêmica. Onde acaba o asfalto começam os problemas. Foto: Gerson Klaina
Abertura da rua é cercada de polêmica. Onde acaba o asfalto começam os problemas. Foto: Gerson Klaina

Segundo o aposentado Sérgio Ribas, 58 anos, houve uma invasão nas proximidades e a rua foi aberta pela prefeitura para dar passagem a veículos e moradores. Até aí tudo bem, se não fosse um pequeno detalhe. Os cinco metros abertos da rua até hoje não foram asfaltados e os moradores do bairro precisam conviver com as consequências deste problema. “Em dias de sol a gente sofre com a quantidade de pó e em dias de chuva a quantidade de barro é imensa. A gente não vence lavar os carros, calçadas e limpar a casa porque a sujeira é diária. Além do desperdício de água, o custo mensal triplicou e eu chego a gastar R$ 140 por mês”, conta Sérgio.

Os moradores se reuniram diversas vezes e registraram diversas reclamações na prefeitura, mas as tentativas de encontrar uma solução foram em vão. A alegação dos responsáveis, segundo eles, é que a rua não existe. “Alguns técnicos chegaram a visitar o local, mas nunca fizeram nada. No mapa do município, inclusive, ainda consta que a rua é sem saída. Já até tentamos juntar dinheiro com a vizinhança para comprar um caminhão e asfaltar a rua, mas eles não permitiram. E se você olhar o outro lado da rua que foi aberta está asfaltada. Mas por que não fizeram o mesmo com a nossa?”, questiona Sérgio.

Pó causa uma série de transtornos aos moradores, como aumento da conta de água. Foto: Gerson Klaina
Pó causa uma série de transtornos aos moradores, como aumento da conta de água. Foto: Gerson Klaina

O caos também faz parte da vida do comerciante Nilton dos Santos Langner, 55 anos. “A conta de água foi parar nas alturas porque eu tenho que lavar o carro e a calçada todos os dias. E olha que não é falta de pedir para alguém resolver o problema. A gente luta há muito tempo”, relata.

Pra ALL, via é irregular

Segundo o chefe de gabinete da Regional Cajuru, Mauro José Gabardo, o local está em uma área de domínio da América Latina Logística (ALL) e, por isso, a prefeitura não consegue se mobilizar para mexer na rua. “Pela lei, próximo à linha do trem até 15 metros do lado direito e 15 metros do esquerdo são de propriedade da empresa”, detalha.

Em nota, a ALL esclarece que qualquer obra na faixa de domínio da ferrovia também precisa atender normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que estabelece procedimentos a serem seguidos pelas concessionárias de serviços de transporte ferroviário. O procedimento padrão, portanto, seria enviar um projeto para a ALL, que analisa e então submete à aprovação da ANTT.

A ALL informa, no entanto, que “não recebeu do município o projeto de autorização de travessia em nível, no local referido”. Ou seja, a abertura da rua é considerada irregular, já que foi feita sem autorização da concessionária. A empresa cita ainda que já participou de diversas reuniões com a prefeitura e também com a associação de moradores, mas precisa de um projeto para então dar prosseguimento ao processo.

ALL precisa de um projeto para pleitear oficialmente a abertura da via. Foto: Gerson Klaina
ALL precisa de um projeto para pleitear oficialmente a abertura da via. Foto: Gerson Klaina

Depósito de lixo

Outro problema com a abertura da rua foi o depósito de lixo e entulho que passou a se acumular onde antes era um jardim. O terreno localizado bem atrás de uma creche é um grande problema para os moradores. Além da poluição visual, a quantidade de lixo no local facilita o acúmulo de água e sujeira, o que vira um grande foco disseminador de doenças. “A limpeza é feita pela prefeitura, mas basta limpar num dia que no outro os carroceiros trazem o lixo novamente. Se a rua fosse normalizada e fizessem uma praça ia eliminar esse problema”, explica Nilton. De acordo com a prefeitura de Curitiba, a Regional Cajuru programou vistoria no local para que a Secretaria de Meio Ambiente retire entulhos e faça a roçada.

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