Uberaba

Mudou pra pior

O impasse burocrático envolvendo a prefeitura de Curitiba e o governo do Estado se transformou em transtorno para moradores e comerciantes da marginal da BR-277, no Uberaba, em frente à fábrica da Coca-Cola. A obra de recuperação do local, que já deveria estar pronta, está parada há meses. O que restou foi o chão batido onde antes era antipó.

O trabalho foi definido por meio de um convênio entre os dois governos. O município ficou responsável por investir R$ 534 mil e o Estado R$ 2 milhões. De acordo com o projeto, o trecho entre as ruas Jorge Gomes da Rosa e Dr. Gabriel Pereira Filho (com aproximadamente 850 metros de extensão) passaria pelo processo de revitalização durante oito meses.

O cronograma previa obras de “drenagem e execução de galerias pluviais e na sequência os trabalhos de terraplenagem, pavimentação, paisagismo, sinalização vertical e horizontal”, conforme divulgado no site da prefeitura em julho do ano passado. A previsão para conclusão seria março deste ano.

Porém, o recurso do governo do Estado foi suspenso por ausência da apresentação, por parte da prefeitura, de uma certidão negativa emitida pelo Tribunal de Contas. Sem dinheiro, a empreiteira responsável pelo serviço deixou a obra.
Troca de antipó  por asfalto fica  pela metade e marginal da BR-277 vira lama e poeirão. Foto: Felipe RosaEm nota, a prefeitura reconheceu o impasse, mas informou que “está trabalhando para obter uma nova certidão liberatória junto ao Tribunal de Contas do Estado”. Além disso, o município explicou que “não há qualquer irregularidade na prestação de contas que justifique a negativa do documento, mas o tribunal exige a adequação a um sistema informatizado – processo extremamente complexo e que está em curso na prefeitura de Curitiba”. Já a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística informou que está mantendo uma negociação com a prefeitura de Curitiba para regularizar a situação, mas destacou que precisa da certidão para realizar o repasse dos recursos.

Sem previsão de solução

Enquanto os dois governos negociam uma solução para o impasse, quem convive diariamente com o problema reclama que a situação ficou pior do que estava. Sem o antipó no chão, o pó se alastra por todas as casas e comércios da região, enquanto nos dias de chuva a rua se transforma em lama. Eles ainda reclamam da ausência de respostas sobre de quem é a responsabilidade e quando tudo será resolvido.

“Quando a empreiteira saiu daqui, avisaram que iriam voltar em julho, só não avisaram de que ano”, ironiza a empresária Adriane Krupczak. “A gente se sente humilhado, porque passamos por vários bairros que estão com asfalto”, lamenta ela, que trabalha em uma loja de materiais de construção da família.
Poeira invade a clínica de Rosângela e buraqueira dificulta acesso. Foto: Felipe RosaSeu irmão, Murilo, mora no mesmo local e percebe o tamanho do problema dentro de casa. “Meus filhos estão indo direto ao médico, com alergia. Aqui é muito movimentado porque é acesso entre o Cajuru e o Jardim das Américas e muita gente passa aqui quando a BR está congestionada”, conta.

Há 15 anos trabalhando em um consultório na marginal, a veterinária Rosângela Katuiama também diz que a obra só trouxe transtornos. Além de ter dificuldade de manter a clínica em condições para atender os animais, ela conta que até seus clientes enfrentam problemas ao encarar as condições da rua. “Uma cliente caiu no buraco e outro caiu com o pneu. Está bem complicado, quebraram nossas muretas, fizeram um desnível grande e tiraram o antipó”, diz. Além dela, outros comerciantes se dizem “decepcionados” e pretendem fazer manifestações para cobrar uma solução.

O vereador Serginho do Posto (PSDB), que se envolveu diretamente na criação do projeto, também procura soluções e está acompanhando o imbróglio. Ele pretende recorrer ao Ministério Público caso não seja apresentada uma proposta nos próximos dias. “A situação está horrível. É uma questão burocrática e ficamos numa situação delicada. Os órgãos devem resolver”, avalia.

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Carolina Gabardo Belo

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