Circulando pela BR-277, no sentido das praias, quase não é possível notar o problema que atinge centenas de moradores do bairro Uberaba. Na rua, que faz margem a rodovia, a reportagem da Tribuna encontrou praticamente um lixão a céu aberto. No local há carcaças de animais, restos de alimentos e muito entulho. O cheiro é insuportável e se tornou um problema diário para os moradores desta parte bairro, que está esquecido pela Prefeitura de Curitiba.

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“Faz 22 anos que moro no bairro e esse lixo aqui é constante. Um tempo atrás vi um rapaz jogando lixo aqui e até chamei a atenção dele, mas quase apanhei. Ligo na prefeitura, mas não sabemos se é deles ou não. Ali tem restos de animais e o cheiro é muito forte. Já cansamos de tentar solucionar este problema, mas os órgãos não conseguem nem entender onde é. Precisamos de ajuda”, relatou o aposentado Deomar de Oliveira, 62 anos.

“Precisamos de ajuda”, disse Deomar. Foto: Átila Alberti

Outro morador do bairro, Sérgio Cardoso, 41 anos, desenhista, disse que nem mesmo a associação de moradores conseguiu solucionar o problema. Ele conta que há um “jogo de empurra-empurra” entre prefeitura, concessionária que administra a via e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). “Ninguém quer solucionar o problema e fica nessa. O lixo no local só aumenta e ninguém pode nos ajudar. É um verdadeiro jogo de empurra empurra, até agora ninguém quer assumir que tem responsabilidade”, desabafou.

Além do lixo, alguns temem passar pela ponte do Rio Iguaçu, que fica na mesma rua, por medo. Moradores contam que os bandidos se sentem livres para roubar em um lugar que não há iluminação alguma. “Eu tenho uma filha que estuda à noite e ela precisa caminhar até em casa, porque o ponto de ônibus fica lá na passarela, então ela anda todo esse trecho a pé e não tem luz. É uma escuridão sem fim. Não é brincadeira, esses dias ela resolveu correr até em casa, porque ficou com medo”, contou Maria Cleomar, 53 anos.

A vizinha de Cleomar, a aposentada Tereza Caetano, conta que os familiares passam pelo mesmo problema em relação a falta de iluminação. “Lá em casa é a mesma coisa. Até a gente quando precisa fazer alguma coisa, tem que andar até o ponto no escuro mesmo. O cheiro é inexplicável e nós ficamos indignados, porque tá sempre assim e ninguém faz nada”, relatou.

No local há carcaças de animais, restos de alimentos e muito entulho. Foto: Átila Alberti

Sem respostas

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba e após diversos contatos o órgão informou, via Secretaria de Urbanismo, que o local “aparenta estar dentro da faixa de domínio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)” e que a “via em questão não está em área de domínio público, ou seja, não é rua oficial da cidade de Curitiba”.

A implantação de iluminação pela Secretaria Municipal de Obras Públicas só é feita em ruas oficiais, em área de domínio público. Já a Secretária Municipal de Meio Ambiente, deu orientações em relação a coleta e denúncias, dizendo que é possível entrar em contato via central 156, se for área da prefeitura.

O DNIT se pronunciou apenas na manhã desta segunda-feira dizendo que não é responsável pelo trecho. Como a via é concessionada, ela deve ser responsabilidade ou de quem cuida do trecho ou de quem concessionou a rodovia, que no caso é o Governo do Paraná. “Apesar de ser uma rodovia federal, nem que quiséssemos poderíamos mexer em nada ali”, disse a assessoria do órgão.

Na última quinta-feira (21), três dias após a publicação desta matéria, a Ecovia, concessionária que administra a BR-277, informou que “realizará a retirada do material que estiver no trecho de concessão a partir da próxima sexta-feira (22)”, já que um trecho da via é de sua responsabilidade, conforme informado por meio da sua assessoria de imprensa.

Terra de ninguém!

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