Tatuquara

Cercado de onças

Direto do Pantanal mato-grossense para o Tatuquara, em Curitiba, o artesão Júlio Hankns, 39 anos, conquistou a simpatia dos moradores da região que virou seu novo lar. Com um forno improvisado, o artista abusa da criatividade para reproduzir os animais naturais de sua terra natal. O trabalho de Júlio foi destacado na última Tribuna Regional Pinheirinho.

ca_01Há 13 anos morando e divulgando seu trabalho no bairro, o artesão já ficou conhecido pelos moradores como o homem da onça. “Já ocorreram casos de clientes não conseguirem localizar minha casa, mas foi só perguntar quem faz onças e esculturas que o pessoal logo indicará onde eu moro”, conta. Apesar de reproduzir uma variedade de animais, como jiboias e tucanos, Júlio confirma que o carro-chefe é mesmo a onça-pintada. “Acho que as pessoas gostam mais da onça, pois ela traz um lado exótico do Pantanal. As mulheres, principalmente, adoram esse jogo de cores”, afirma.

Artesão diz que levou tempo para chegar à riqueza de detalhes, mas hoje cada peça é “única”.
Artesão diz que levou tempo para chegar à riqueza de detalhes, mas hoje cada peça é “única”.

Mas esse trabalho que Júlio desenvolve já vem de sangue. “Meu pai era órfão e aprendeu a fazer bonecos com argila, pois não tinha condições para comprar brinquedos. Ele levou esse aprendizado para vida o resto da vida e me ensinou tudo que sabia”, explica o artista. Para chegar à perfeição no semblante dos animais, o artesão conta que é preciso ter uma técnica apurada. “Antigamente, minhas onças pareciam mais cachorros. Com o tempo aprendi a deixar elas com a cara que quero, fazendo cada peça ser única”, revela.

Júlio usa um forno improvisado, cuja temperatura pode chegar a 300 graus, e abusa da criatividade para moldar os bichos com argila. Fotos: Felipe Rosa.
Júlio usa um forno improvisado, cuja temperatura pode chegar a 300 graus, e abusa da criatividade para moldar os bichos com argila. Fotos: Felipe Rosa.

No improviso

Com um ateliê adaptado, Júlio utiliza um forno feito à base de tijolos, que pode alcançar uma temperatura de até 300 graus. “Tenho que fazer diversos furos no objeto para vazar o ar que acumula dentro das peças. Caso contrário, esse ar esquenta e parte ao meio a argila”, explica. Em alguns casos, a rachadura pode ser consertada com uma cola para cerâmica, porém nas peças em que os furos não foram suficientes, o trabalho é perdido.
O artesão revela que seu sonho é ensinar a técnica de esculpir e queimar a argila para dar forma a novos objetos. “Sempre tive vontade de passar para frente todo o processo de confecção que aprendi, porque não há muitas pessoas que dominam esse tipo de trabalho”, revela.

 

 

Serviço
Artesão Júlio Hankns
Fone: 9843-7265
Endereço:
Rua Poeta Bernardo Guimarães, 360
Tatuquara, Curitiba

Leia mais sobre o Tatuquara!

Sobre o autor

Samuel Bittencourt

(41) 9683-9504