Sítio Cercado

Vigia 24 horas

Escrito por Lucas Sarzi

Cansados dos constantes furtos a residências e dos assaltos, moradores da Rua Ibaiti, no Sitio Cercado, se mobilizaram. Há pelo menos dois anos, câmeras de segurança foram instaladas e um alarme pode ser disparado a qualquer momento. “As faixas colocadas na rua já mostram que estamos em alerta, mas cada um tem seu controle remoto. É só reparar algo errado. E o combinado é agir”, relata uma das moradoras.

Segundo os moradores, as câmeras monitoram tudo, mas é o olhar fiel dos vizinhos que faz a segurança ainda mais intensa por lá. “Quando alguém vê algo errado, aperta o controle, dispara o alarme e não esperamos que a polícia venha, porque se vem, chega tarde demais. Nosso acordo é irmos pra rua e segurarmos o bandido”, explica.

As câmeras e o alarme foram instalados primeiro no trecho da Rua Ibaiti que fica entre as ruas Arapongas e a Apucarana. “A gente se uniu. Só assim foi possível. Fizemos o orçamento, conversamos com os moradores, que aceitaram pagar pelo equipamento, e instalamos”, conta Dirceu, que mora na via e é genro do rapaz que fez a instalação. Os moradores pagaram apenas a instalação e o custo dos equipamentos. “Não pagamos mensalidade. Caso alguma câmera estrague ou precise de qualquer manutenção, por exemplo, a gente se reúne de novo e divide o valor necessário. Compensa muito”, comenta.

A união dos moradores aconteceu depois de vários episódios na rua. “Uma pessoa foi assaltada, outra abordada por um tarado, carros violados, sem contar as casas que recebiam sempre a ’visita’ dos bandidos que levavam até roupa do varal. Nós cansamos e resolvemos não esperar mais pela polícia”, relata outra moradora, auxiliar de recursos humanos de 36 anos.

Solução tecnológica

Foto: Gerson Klaina.
Monitoramente é feito pelos próprios moradores, que têm acesso às câmeras por um aplicativo de celular. Foto: Gerson Klaina.

Com as câmeras naquele trecho da rua, os moradores de outras quadras da Rua Ibaiti resolveram adotar o mesmo sistema de monitoramento. “Primeiro conversamos entre nós, os vizinhos, e percebemos que precisávamos conhecer uns aos outros. Depois, articulamos os locais em que as câmeras ficariam e deu certo”, conta um porteiro de 63 anos.

Neste segundo trecho da Rua Ibaiti, entre as ruas Apucarana e Celeste Tortato Gabardo, os moradores pagaram dez parcelas de aproximadamente R$ 80 e passaram a ter o mesmo equipamento. “Assim como no primeiro trecho, colocamos também algumas faixas, para alertar os espertinhos de que eles estão, sim, sendo monitorados”.

O monitoramento é feito pelos próprios moradores, que têm acesso às câmeras por um aplicativo de celular. Na última vez em que algo aconteceu na rua, o equipamento funcionou. “Um rapaz tentou arrombar um carro e um de nós o flagrou. O seguraram, chamaram a polícia e ele foi levado. Os policiais ainda descobriram que fazia só um mês que o rapaz tinha saído da cadeia”, recorda o porteiro.

Projeto se multiplica

Foto: Gerson Klaina
Projeto está incentivando mais moradores da região. Foto: Gerson Klaina

O equipamento da Rua Ibaiti chamou tanto a atenção dos moradores do Sitio Cercado, que vizinhos de outras ruas próximas dali procuraram o rapaz que fez a instalação e adotaram o mesmo procedimento. “Há 15 dias nós estamos com as câmeras. Antes, tínhamos um grupo no WhatsApp. Com o monitoramento, percebi que passamos a andar pela rua mais tranquilos”, diz uma copeira de 59 anos.

A esperança destes moradores é de que as câmeras e o alarme reforcem a segurança das casas e ajudem também a esclarecer possíveis crimes. “O que a gente já pode dizer é que o convívio com quem mora ao lado se tornou muito melhor. Acredito que este seja um primeiro passo para melhorarmos nossa realidade”.

Ferramenta válida

Segundo a Polícia Militar (PM), cada cidadão também é responsável, juntos com os órgãos constituídos, pela segurança pública. A PM avalia que toda ferramenta utilizada pelo cidadão, respeitados os direitos e deveres de cada um, é válida e agrega para a segurança de todos. Inclusive é uma orientação da PM que os vizinhos se conheçam para que possam agir em conjunto em qualquer situação de auxílio ao próximo.

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Sobre o autor

Lucas Sarzi

Jornalista formado pelo UniBrasil e que, além de contar boas histórias, não tem preconceito: se atreve a escrever sobre praticamente todos os assuntos.

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