Sítio Cercado

Patins envenenados

Nos uniformes, vale incluir meia-calça e outros acessórios que revelem o estilo de cada uma. Mas capacete, cotoveleiras, joelheiras e protetor bucal são itens obrigatórios para disputar o Roller Derby. O esporte ainda é pouco conhecido no Brasil e guarda um quê de underground, misturando a estrutura das corridas de velocidade com a agressividade do hóquei. Mas as jogadoras do time curitibano Blue Jay Rollers querem popularizar a modalidade na capital paranaense e agora, com casa fixa, acreditam que vão conseguir novas integrantes para a equipe.

Desde maio, elas treinam no ginásio do Portal do Futuro Bairro Novo, no Sítio Cercado, em parceria com a prefeitura. Antes, já tinham treinado em São José dos Pinhais, Quatro Barras e Colombo. O sinal das boas-vindas está marcado no chão: a quadra poliesportiva ganhou duas faixas ovais concêntricas, que marcam a pista.

Disputas ainda não acontecem, porque, apesar de o Blue Jay existir há pouco mais de quatro anos, ainda não formou 14 patinadoras com condições de jogo. Atualmente, são cerca de 20 mulheres, dos 18 aos 40 anos, com as mais diversas profissões e em variados níveis de domínio dos patins quad (duas rodas na frente e duas atrás).

Então, elas treinam e se preparam para poderem competir com outros times quando atingirem o número necessário de atletas. Os mais estruturados do país estão em São Paulo, com quem fazem intercâmbios, bancados com o valor da mensalidade e da venda de produtos da equipe, com a estampa da gralha azul (blue jay) estilizada, a mascote do time.

Valorização feminina

Foto: André Rodrigues
O esporte mistura a estrutura das corridas de velocidade com a agressividade do hóquei.Foto: André Rodrigues

O jogo, em si, é uma disputa em que os trancos e empurrões sobre os patins fazem parte da regra. “É um pouco difícil explicar o que é roller derby porque o brasileiro não está habituado a acompanhar modalidades em que os pontos não se contam em gols”, diz Jessica Lemgruber Ribeiro, 34 anos, que trabalha como autônoma em um salão de beleza.

O roller derby, sabe-se lá por qual motivo, tornou-se uma modalidade predominantemente feminina e que valoriza a união das jogadoras e desafia o poderio masculino no esporte. “Historicamente, mais homens praticam esportes que as mulheres e o roller derby tem essa ideologia de valorizar a força, a velocidade das mulheres”, destaca a psicóloga Rafaela Mayer, 29. Enquanto ela e as outras garotas deslizam na pista, namorados e maridos assistem, à beira da quadra.

História

Foto: André Rodrigues
“Historicamente, mais homens praticam esportes que as mulheres e o roller derby tem essa ideologia de valorizar a força, a velocidade das mulheres”, disse Rafaela. Foto: André Rodrigues

A origem do roller derby foram as corridas de resistência sobre patins em pistas ovais, onde quem vencia era quem terminava a prova em menor tempo. Mas não foi difícil notar que os momentos mais excitantes da modalidade era quando aconteciam choques e quedas. Ao incluir a possiblidade de contato, transforma-se a corrida em um jogo de ataque e defesa, conhecido nos anos 1950, nos Estados Unidos, por sua rivalidade e brutalidade. Com o passar dos anos, o interesse no roller derby caiu e o ressurgimento aconteceu especialmente com equipes femininas.

Mas há espaço para os homens, sim: o tecnólogo mecânico Nelson Paes, 43 anos, soube da existência do esporte por meio de um post no Facebook que convidava novos praticantes para o time. Ele acompanha o treino das moças porque quer se formar árbitro das disputas. ‘São muitas regras, mas é um esporte interessante‘, afirma.

Como funciona um jogo de Roller Derby?

  • É uma disputa de velocidade entre dois times de patinadoras em que uma jogadora de cada time tem que passar a linha de defesa adversária e acelerar, em busca de novas ultrapassagens, que contam pontos a cada jogadora superada. Quem está na defesa, tem a função de atrapalhar, usando o próprio corpo.
  • Cada equipe é formada por 14 jogadoras e cinco entram na quadra por vez.
  • Dessas cinco jogadoras, quatro são Blockers (bloqueadoras) e uma é a Jammer (marcadora de pontos), identificada por uma touca com uma estrela. Entre as bloqueadoras, uma, a Pivô, vai usar uma touca com uma listra de identificação: é dela a responsabilidade de liderar e montar as jogadas defensivas;
  • Cada partida é chamada Bout, dividida em duas etapas de 30 minutos. Em cada um desses tempos, são disputadas várias largadas, chamadas de Jam. Cada Jam dura 2 minutos, com 30 segundos de intervalo.
  • Depois que a Jammer completar sua primeira volta, ela marca um ponto para cada patinadora do time adversário que ela passar. Vence quem marcar mais vezes.

Serviço:

Treinos no Portal do Futuro Bairro Novo Rua Marcolina Caetana Chaves, 150 Quintas-feiras das 19h às 21h e aos sábados, das 15h às 18h Interessadas em participar devem ter mais de 18 anos e ter os equipamentos de segurança e patins

Informações: facebook

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Sobre o autor

Adriana Brum

(41) 9683-9504