Sítio Cercado

Pão nosso

O Sítio Cercado foi o embrião do projeto de padarias comunitárias idealizado pelo Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria). Tudo começou quando um grupo de mulheres, preocupadas com as dificuldades dos moradores, buscou apoio para comprar os equipamentos necessários para iniciar a produção. A proposta se expandiu e hoje a rede tem 28 padarias comunitárias na Grande Curitiba, quatro delas na regional Bairro Novo.

As padarias funcionam de maneira independente, sem chefes e com todas as mulheres produzindo e vendendo os produtos. O dinheiro das vendas é dividido igualmente entre elas depois de pagar os ingredientes e manutenções dos equipamentos. A Tribuna acompanhou uma manhã de trabalho na Padaria Comunitária Nossa Senhora Aparecida, que existe desde 2009 no espaço cedido por uma igreja que também leva o nome da padroeira do Brasil, no Sítio Cercado.

Foto: Ciciro Back.
Padaria Comunitária Nossa Senhora Aparecida existe desde 2009. Foto: Ciciro Back.

Lá, Silvanira de Freitas Pereira, 54 anos, Marina da Silva de Silveira, 61, e Janete Soares, 53, chegam a fazer cerca de 130 pães por dia. E de todo tipo: caseiros tradicionais, integrais, de fubá, de batata, recheados com linguiça ou com goiabada e pães doces, além de encomendas especiais, como os “minipães” e os pães coloridos, feitos com ingredientes como espinafre, cenoura ou abóbora. Cada pão custa R$ 5. “Como a intenção não é ter lucro, a gente não precisa cobrar um preço exagerado. Assim, mais pessoas podem comer o nosso pão, o que é bom para todo mundo”, explica Silvanira.

A produção é feita às terças, quartas e sextas, pela manhã. À tarde, elas saem pelas ruas para fazer as entregas em escolas, igrejas, empresas e domicílios. Também vendem na própria padaria. Para baratear custos, procuram comprar diretamente de produtores. A farinha vem de um moinho na região metropolitana. “Sempre estou ligada em tudo que está em promoção nos mercados”, comenta Silvanira.

Mão na massa

Foto: Ciciro Back.
Trabalho começa cedo e só vão embora depois de vender todos os pães. Foto: Ciciro Back.

Elas chegam às 7h30 e já começam a amassar os pães, que vão ao forno às 10h. Enquanto eles crescem, as mulheres trabalharem lado a lado e sem parar. Marina diz que só vão embora “lá pelas 18h, depois de vender tudo o que fizeram”. “Nosso plano é conseguir algum parceiro que compre os pães e distribua. Com isso, a gente poderia se concentrar só na produção”, planeja Marina. “Daria tempo de fazer os pães coloridos para as crianças das escolas”, diz.

O cheiro do pão quentinho atrai a vizinhança. “Sempre compro delas. Meu marido fala toda semana que a gente precisa vir para pegar as cuecas viradas e um pão quentinho das meninas”, conta a professora Rosângela de Aguiar, 42. “O pão delas é leve e de qualidade, além de não visarem o lucro. Desse jeito, acaba ajudando todo mundo”. (FG)

Troca de experiências

Foto: Ciciro Back.
Pão quentinho atrai a vizinhança toda. Foto: Ciciro Back.

Todo mês, os representantes das padarias comunitárias se reúnem no Conselho Gestor Fermento na Massa, que acompanha as iniciativas, debatendo os problemas e as soluções em cada uma delas, além de promover cursos técnicos, participações em feiras de economia solidária e auxiliar grupos que tenham interesse em montar uma nova padaria comunitária.

Quem quiser montar uma iniciativa parecida deve comparecer à próxima reunião do Conselho, no dia 17 de agosto, às 9h, na R. Mahatma Gandhi, 176, no Xaxim, ou entrar em contato com o Cefuria pelos telefones (41) 3225-5582 e (41) 3322-8487 ou pelo e-mail cefuria@cefuria.org.br.

Serviço:
Padaria Comunitária Nossa Senhora Aparecida
Endereço: Rua David Tows, 3600 – Sítio Cercado
Telefones: (41) 3289-0891/8508-1707

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Sobre o autor

Fellipe Gaio

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