Sítio Cercado

Cultura no papel

A comunidade do Sítio Cercado espera, há pelo menos cinco anos, o início das obras do Centro Cultural do Bairro Novo. O projeto arquitetônico está pronto desde 2010, mas ainda não saiu do papel e nada mudou na Praça José Soares Grobe, onde deveria ser construída a estrutura.

O centro é um pedido da própria comunidade, mas sem o início das obras os moradores se mobilizaram para cobrar um posicionamento do município. “Até hoje não colocaram nenhum tijolo ali na praça. O projeto não sai do papel”, lamenta Elisabete de Oliveira, que é professora do Colégio Estadual Flávio Ferreira da Luz e organizou uma petição pela internet, que pode ser acessada em http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=P2013N43376.

Renato: seria uma boa.
Renato: seria uma boa.

“Na periferia não temos muitos centros culturais e muitas atividades são realizadas em espaços não muito apropriados. Não temos aqui um centro que partilhe tudo isso, pra receber a comunidade e estimular a cultura local”, argumenta Elisabete. Durante as manifestações de 2013, a comunidade também saiu às ruas cobrando o início das obras. “Fizemos uma passeata para reivindicar o que é nosso direito, mas como não temos esse direito, acabamos acreditando que é um privilégio”, comenta a professora.

Mesmo com toda a mobilização e sem qualquer indicação de que a praça pode sediar um centro cultural, não são todos os moradores da região que sabem sobre o projeto. “Moro há 17 anos no bairro e nunca ouvi falar sobre o centro. Seria uma boa”, afirma o aposentado Renato Romão, 52. Para o morador Natal Giroti, 44, a construção também ajudaria na segurança, já que, apesar de bastante utilizada pelos moradores da região, a praça também se transformou em um ponto para consumo de drogas. “Ouvi falar muito por cima sobre isso, iria espantar os usuários de drogas”, diz.

Natal: espantaria os usuários de drogas.

Estrutura

Em maio de 2010, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) divulgou que o projeto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) previa um cine-teatro com aproximadamente 250 lugares, palco e camarim, uma sala de exposições com 180 metros quadrados, estúdios de dança, música e artes plásticas, um centro de arte digital e lan house.

Para FCC, é “inviável”

Quando foi lançado em 2010, na gestão do então prefeito Beto Richa, o projeto de construção do Centro Cultural Bairro Novo foi orçado em R$ 7,1 milhões. Porém, de acordo com a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), a proposta não entrou no orçamento do município e nos valores atuais chegaria a R$ 10 milhões, “valor que inviabiliza a construção do centro cultural nos moldes do antigo projeto”.

Mesmo sem o Centro Cultural no bairro, a FCC destaca que utiliza desde junho do ano passado outros espaços da região para a realização de atividades culturais. Entre elas estão três casas da Vila Tecnológica, onde funciona a Casa da Leitura Walmor Marcelino (casas 12 e 13) e a Casa 31, que recebe cursos de violão popular, desenho artístico, pintura em tela, mangá e história em quadrinhos.

A FCC afirma ainda que o Bairro Novo recebe diversos eventos culturais, como o Street of Styles – Encontro Internacional de Graffiti e o Sarau Popular. Para este ano também estão previstas as ações contempladas por um edital que tem o “objetivo de promover a cultura nos bairros da cidade de Curitiba e incentivar a constituição da memória artística cultural e social das regionais e dos bairros da cidade”.

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Sobre o autor

Carolina Gabardo Belo

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