É da mistura da argila preta e amarela retirada da mina de Balsa Nova, na Região Metropolitana de Curitiba, que a Cerâmica Jardim dá forma a uma infinidade de objetos de decoração e utensílios de cerâmica que vende no atacado e varejo na Rua Álvaro Alvim, Seminário. Além das cerca de 6 mil peças prontas, lá é possível observar o trabalho dos ceramistas e o maquinário projetado e desenvolvido pelo “funcionário mais antigo”, o empresário Darci Flisicoski, 73 anos.

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“Esses calos em minhas mãos são de tanto bater ferro para fazer essa prensa mecânica”, explica Darci ao apontar para uma das seis máquinas em funcionamento há décadas. O negócio começou com o sogro dele, de forma tímida, em 29 de fevereiro de 1950, e quintuplicou em 65 anos. “A cerâmica surgiu em uma conversa entre meu sogro e um amigo, um polaco e um italiano, e deram o nome de Jardim, porque grande parte da produção era para colocar plantas”, recorda.

A entrada de Darci para a família mudou a dimensão do negócio. “Conheci minha esposa Marilda aqui. E pintava as peças, quando eu vim conhecer a fábrica com a minha tia que morava na cidade. Eu tinha acabado de servir o exército e estava no caminho de volta para Guarapuava”. Em nove meses, os dois casaram e passaram a moldar o futuro deles e da empresa com muito amor e argila. “Casamos no barracão. Estivemos envolvidos em tudo que se sucedeu aqui nos últimos 45 anos, até mesmo no plantio das árvores, quando nossa rua foi pavimentada, ou seja, isso aqui é nossa vida”, declara.

Ouvindo o cliente

Foto: Gerson Klaina.
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Com a crise, as vendas caíram pela metade este ano. “Se nem para o supermercado está sobrando, claro que o consumidor vai pensar duas vezes na hora de adquirir algo decorativo”, reconhece. Darci atribui a sobrevivência da empresa à persistência em não fechar as portas, à honestidade na relação com os clientes e à capacidade de produzir exatamente o que foi encomendado. “Fazemos para pronta entrega, mas também produzimos qualquer artigo sob encomenda, basta trazer o desenho do que se deseja. Sempre tivemos em mente que fazemos peças para os clientes, não para a gente”, ensina. Entre monjolinhos e vasos dá para encontrar uma lareira de argila que, além de decorativa, aquece as casas. (MM)

Cerejas e pitangas

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Até mesmo nas árvores que seriam plantadas na calçada da Rua Álvaro Alvin, onde está a fábrica, ele dedicou atenção especial. “Na época que veio a pavimentação, estavam colocando uma árvore cujo fruto não era comestível e só sujava a calçada. Eu dei um jeito de conseguir autorização para colocar as frutíferas que, desde então, atraem pessoas de fora para comer pitangas e cerejas”.

Outro segredo do negócio está na relação com os funcionários. “Sempre agi como um deles, nunca fui engravatado, assim conheço de verdade a minha equipe”, acredita. (MM)

Serviço
Cerâmica Jardim
Endereço: Rua Álvaro Alvin, 350 – Seminário
Informações: 3274-3443.

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