São José dos Pinhais

Preparadas pra Copa

Josiane Poleski, 29 anos, e Vanderléia Barbosa Gonçalves, 32, integram o time de futsal da Associação dos Surdos de São José dos Pinhais, onde treinam todos os sábados. A dupla paranaense também faz parte da seleção brasileira que vai disputar o Campeonato Mundial de Futsal dos Surdos de 2015, em Bangkok, na Tailândia, de 20 a 28 de novembro.

“Nossa expectativa é muito grande. Estamos muito confiantes, mesmo sabendo que o nível dos times europeus é outro, muito diferente. Estamos com fé de que vamos representar muito bem o Brasil”, aposta Josiane. Não é o primeiro Mundial que a dupla paranaense disputa. “Jogamos a Copa do Mundo em 2011, na Suécia. Não levamos o título, mas a experiência foi muito boa. Voltamos para o Brasil e treinamos bastante nesses quatro anos. Acredito que vamos chegar à semifinal na Tailândia”, diz Vanderléia.

Diferenças

Sobre os jogos, Josiane explica que são praticamente iguais aos de times de ouvintes. “Não tem nenhuma diferença, exceto os ouvidos”, ri. “Durante o jogo, ao invés de o árbitro usar apito, ele usa bandeirinhas para sinalizar, porque os surdos usam muito a linguagem visual”, explica ela, que é capitã da seleção.

Além dos treinos na associação, a dupla se prepara para o Mundial em Jundiaí (SP), com a seleção. Em paralelo à vida de atletas, elas desempenham outras atividades profissionais. Josiane, natural de Curitiba, onde mora, é coordenadora de Políticas de Inclusão em uma instituição federal de ensino. Vanderléia nasceu em Guarapuava, vive em Fazenda Rio Grande e atua como auxiliar de produção em uma montadora de automóveis de São José dos Pinhais.

Trajetória no esporte

Josiane e Vanderléia representam o Paraná na seleção nacional. Foto: Divulgação.
Josiane e Vanderléia representam o Paraná na seleção nacional. Foto: Divulgação.

O futsal esteve presente desde cedo na vida das duas atletas. Josiane começou a jogar aos cinco anos, incentivada por um professor de Educação Física na escola de surdos. Aos 12 anos, tentou entrar para o time de uma escolinha de futsal, mas foi discriminada pelas outras atletas, que não sabiam a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

“Aos 15 anos, entrei na Associação de Surdos, mas havia exclusão por parte dos atletas masculinos”, conta. “Foi um colega que hoje é professor de Educação física, o Anderson Juju, que salvou os times femininos de todas as modalidades na associação. Ele se preocupava com as meninas pelo fato de estarem excluídas nos treinos e foi fundamental para a evolução do nosso time”, recorda Josiane, que também jogou nos Jogos Pan-Americanos de Surdos de 2012, em Praia Grande (SP) e no Campeonato Sul-Americano de Futsal Feminino de Surdos, em 2013, em Santiago do Chile.

Vanderléia já dava os primeiros chutes aos três anos de idade. Participou da Associação de Surdos em Foz do Iguaçu, onde morou, e se mudou para Fazenda Rio Grande em 2009, quando passou a integrar a Associação de São José dos Pinhais. Junto com Josiane, disputou os Jogos Sul-Americanos de Surdos, em 2014, em Caxias do Sul (RS).

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Sobre o autor

Luisa Nucada

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