São José dos Pinhais

Picou a mula!

Escrito por Giselle Ulbrich

A situação de um grupo de clientes da Auto Lanne Veículos, revenda de carros que fica ou pelo menos ficava na Avenida das Américas, em São José dos Pinhais, piorou. Depois que a Tribuna do Paraná publicou uma matéria contando a dor de cabeça dos clientes desta loja, ela fechou as portas e o proprietário sumiu. Ninguém consegue encontra-lo para cobrar os valores e compromissos devidos.

Não bastasse isso, a dor de cabeça agora sobrou para um novo comércio de veículos que se instalou no local e não tem relação nenhuma com a Auto Lanne. Os antigos clientes tem ido até lá reclamar e cobrar o dinheiro que a Auto Lanne lhes deve. Conforme os clientes explicaram à Tribuna, a maioria deles foi abordada pelos vendedores da Auto Lanne da mesma forma. Anunciaram seus carros no site OLX e a loja entrava em contato, dizendo que já tinham clientes interessados em comprar os veículos, com cadastro aprovado no banco.

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Depois de muito convencimento, os donos dos veículos acabavam deixando seus automóveis na loja, acreditando mesmo que o negócio já estava feito. No fim, os carros sumiam, os vendedores diziam que já tinham sido vendidos, mas os clientes não recebiam o dinheiro da venda, nem a transferência para o novo dono. Muito menos, viam seus carros de volta. Alguns estão há mais de dois anos tentando resolver o problema com a loja.

Prejuízo

Outros clientes lesados já acionaram a Justiça e ganharam a ação. Mas, a Justiça não consegue executar a dívida. “Isso tudo não vai dar em nada. Quem perdeu, perdeu. Eu ganhei na Justiça o direito de receber os R$ 10 mil que ele me deve. Mas receber de quem? O Douglas (proprietário da revenda) sumiu. A loja fechou. Não tem nada em nome de ninguém. Nem nota ele emite. A empresa está parada, não movimenta nada. Nem dinheiro em conta tem. Não tem o que fazer”, esbravejou o cliente lesado, já acreditando que nunca mais vai receber o dinheiro. “A família dele já fez isso em 2008 e vai fazer de novo, pode apostar. Logo ele abre uma nova loja, em outro lugar”, lamenta a vítima.

Sem merecer

Antiga fachada da loja. Felipe Rosa / Tribuna do Parana
Antiga fachada da loja. Felipe Rosa / Tribuna do Parana

A dor de cabeça sobrou para quem nunca teve nenhum vínculo com a Auto Lanne. No mesmo lugar, uma nova loja de veículos foi aberta. E o atual lojista vem recebendo visitas de clientes da Auto Lanne, que vão lá para reclamar e tentar receber o dinheiro a que tem direito. “Mas não temos absolutamente nada a ver com a Auto Lanne. O imóvel estava vago e alugamos diretamente com o proprietário. A nossa loja funcionava ali na Avenida Rui Barbosa. É uma empresa familiar, que existe desde 1993. Somos idôneos, nunca tivermos problema com ninguém, nunca fizemos nada errado.

Agora as pessoas vêm até aqui dizendo que a fachada da loja mudou, mas que somos o mesmo grupo de golpistas. Vem aqui nos cobrar a dívida que eles tinham com a Auto Lanne. Mas não temos nada a ver com eles. Sequer nós conhecemos o proprietário da loja que fechou. Mesmo assim, a gente recebe todos eles, explica que não temos nada a ver com a antiga loja. Estamos numa situação de fogo cruzado muito delicada, recebendo chumbo sem merecer. Uma dor de cabeça que não é nossa”, explica Amanda, porta voz da atual loja no imóvel.

Polícia

O delegado Michel Carvalho, da delegacia de São José dos Pinhais, confirma que possui alguns boletins de ocorrência registrados contra a Auto Lanne. Ele explica que aquela região da cidade onde está a Auto Lanne é um polo de revendas de veículos e que não é incomum ele receber queixas de negócios mal sucedidos, referente a várias lojas ali da região. Mas ele alerta as pessoas para que tenham ciência de que, mesmo que a polícia abra inquérito e investigue, não é função da polícia ir até a loja e forçar o comerciante a devolver o dinheiro às vítimas. Isso tem que ser feito via Justiça.

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“A maioria das pessoas que acabam caindo em negócios mal sucedidos vêm à delegacia registrar queixa porque querem colocar pressão no comerciante. Querem que a polícia vá lá e cobre o lojista, que pegue o dinheiro de volta ou recupere o veículo. Mas veja, deixar um bem para vender numa loja e não receber o dinheiro, nem sempre configura-se um estelionato. São questões cíveis que só a Justiça tem prerrogativa de resolver. Em outros casos, porém, nós investigamos e percebemos que, de fato, pode caracterizar estelionato. Então precisamos analisar caso a caso”, explica Michel.

Cuidados

O delegado orienta às pessoas a terem muito cuidado com a seleção da loja onde farão negócio. Pesquise a idoneidade, converse com outros clientes, com a vizinhança, faça uma busca na internet. Quando fechar negócio, documente-se, para não ficar vulnerável. E se ainda assim cair num golpe e precisar procurar a polícia, venha bem “municiada”, ou seja, com os documentos que conseguiu, com coisas que ajudem a polícia na investigação. “A delegacia está de portas abertas. Analisamos caso a caso, para ver quais empresas apenas cometeram algum pequeno deslize e quais estão cometendo estelionato mesmo”, explica Michel.

Risco de cair

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Giselle Ulbrich

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