São José dos Pinhais

Legado largado

Escrito por Ricardo Pereira

Obras do PAC em SJP pararam e não há prazo para acabar

Mais de dois anos após a Copa do Mundo, obras que foram prometidas como legado do Mundial na Grande Curitiba ainda estão inacabadas. E o pior, totalmente paradas. A última passagem da reportagem pela região foi em maio de 2016. De lá para cá, pouca coisa mudou.

Antes mesmo de se chegar a São José dos Pinhais, é possível perceber o canteiro abandonado no final da Avenida Senador Salgado Filho, em um espaço que deveria ser a extensão da via, paralela à Avenida das Torres. Os operários que lá estavam até alguns meses atrás já não são mais vistos. A ponte sobre o Rio Iguaçu, que está com a estrutura pronta, segue interditada para a passagem de veículos.

Trincheira da Arlindo Costa: faltam sinalização e grade de proteção. Fotos: Lineu Filho.
Trincheira da Arlindo Costa: faltam sinalização e grade de proteção. Fotos: Lineu Filho.

Alguns quilômetros à frente e logo depois do portal de São José dos Pinhais, a trincheira da Rua Arlindo Costa, sob a Avenida Comendador Franco, já é utilizada, mas ainda não está pronta. A sinalização não está completa e, para os pedestres, o perigo é ainda maior. Na passarela, não há corrimão e nem mesmo grades de proteção. Há apenas algumas barreiras, resquícios da obra, mas que são facilmente rompidas.

Na Rua Arapongas, a trincheira até começou a ser feita, mas não foi finalizada. Para os vizinhos da obra, motivo de revolta. Isso porque o maquinário destruiu calçadas e acabou com a movimentação da via. O morador Cleiton Luís lamenta a situação. “No começo a gente não queria que fizessem a trincheira, chegamos a fazer um abaixo-assinado. Não adiantou. Aí eles começaram as obras e de repente sumiram. Ficou tudo assim, pela metade. Se começaram, precisam terminar”, esbraveja.

O vizinho de Cleiton e proprietário de uma oficina mecânica, Juliano Possenti, reclama do cenário. “A rua era bonita, tinha movimento toda hora. Agora fecharam a entrada para a Avenida das Torres e carro nenhum mais passa por aqui. As nossas calçadas foram totalmente destruídas e ninguém apareceu para consertar isso”, conta.

Após início da escavação, trincheira da Arapongas foi abandonada. Foto: Lineu Filho.
Após início da escavação, trincheira da Arapongas foi abandonada. Foto: Lineu Filho.

Problemas e riscos

Para quem precisa cruzar a Avenida das Torres a pé, há uma passagem subterrânea perto do cruzamento com a Avenida Rocha Pombo. Com ares de lugar abandonado, o local está todo pichado e é pouco utilizado pela população.

Já o motorista que segue no sentido aeroporto se depara, há meses, com um canteiro de obras. Cones, placas e bandeiras indicam a presença de trabalhadores. Mas tudo isso não passa de aparência. Toda a bagunça já se tornou parte do cenário na bifurcação entre a via que segue ao aeroporto Afonso Pena (pela Rua Comandante Aviador José Paulo Lepinski) ou a BR-376. A má sinalização oferece, além de tudo, um risco aos motoristas.

Não longe dali, a Avenida das Américas também amarga problemas. A sinalização não é completa. No acesso ao Terminal Central, barreiras ainda são vistas em plena via pública. Voltando para Curitiba, o bloqueio é no trecho que deveria servir de canaleta exclusiva para o transporte público, que até agora não foi liberada para os ônibus que ligam a capital ao município metropolitano.

Por que não anda?

A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), responsável por gerenciar as obras do PAC da Copa, culpa a empreiteira pelos atrasos e pela interrupção das obras. O diretor técnico da Comec, Sandro Setim, afirma que o serviço está paralisado há mais de 120 dias. “A empresa entrou na Justiça com um pedido de recuperação judicial, alegando que não tinha condições de continuar com as obras prometidas. É uma empreiteira que realiza serviços não só em Curitiba, como em outras cidades do Paraná e também em outros estados”.

“Nós já entramos na Justiça e aguardamos uma decisão a respeito disso. Enquanto isso, seguindo a Lei de Licitações, entramos em contato com a empresa que ficou como segunda colocada na licitação e, se não houver interesse por parte dela, vamos para a terceira colocada. Havendo recusa, seremos obrigados a abrir uma nova licitação para as obras inacabadas”, explica Sandro. Por isso, não há prazo para retomada do serviço nem para a conclusão das obras.

Sobre o autor

Ricardo Pereira

(41) 9683-9504