Santa Felicidade

Negócio em família

Escrito por Samuel Bittencourt

Não é sempre que os filhos decidem seguir o mesmo caminho dos pais, mas no caso da família Veloso, que há 36 anos possui uma loja de tecidos em Santa Felicidade, a parceria entre pais e filhos deu certo. Após criar os três filhos, Lauro e a esposa Vânia Barros mantêm em família um estilo tradicional de comércio. Sem revelar sua idade, o comerciante revela que após 55 anos de experiência na venda de tecidos o segredo sempre foi a paciência.

“Só de vendedor já tenho mais de 50 anos. Depois dessa idade deixamos as contas um pouco de lado”, brinca. Lauro lembra que no começo ainda conciliava a vida de vendedor com a rotina de radialista. Graças às duas atividades, conheceu diferentes lugares do país. “Quando comecei, na Pernambucanas havia um ditado que dizia que pra um lugar ser considerado município ele teria que ter ao menos uma igreja, uma escola e uma Pernambucanas. Nessa época, ainda mantinha um programa de rádio após o expediente”, diz.

Ele morou em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, além de diversas cidades do interior do Paraná. “Cheguei a Curitiba enquanto trabalhava pra Riachuelo. Já havia ajudado a empresa a montar lojas na Lapa, Maringá e São Bernardo. Mas quando meus meninos estavam pequenos decidi montar a loja e sossegar um pouco com as viagens”, explica. Em 1979, surgiu a Tecidos Riviera, que relembra a época em que o bairro ainda era carregado de traços da vida rural.

Desde cedo caminhando pela loja, os filhos de Lauro e Vânia, Albert e Herbert, começaram logo a ajudar o pai. “Sempre vimos como o pai atendia as pessoas, com atenção. Antes, ele chegou a ter até onze funcionários. Mas depois da década de 80 ele se concentrou mais em Santa Felicidade. Percebemos que quando se trabalha em família a cumplicidade e a dedicação são maiores”, aponta Albert.

Adaptação rápida

Laura e o filho Hebert: “cumplicidade e dedicação”. Foto: Felipe Rosa.
Laura e o filho Hebert: “cumplicidade e dedicação”. Foto: Felipe Rosa.

O ditado “Em Roma, faça como os romanos” nunca caiu tão bem quanto pra Lauro. “Assim que cheguei em Santa Felicidade já comecei a me adaptar com a cultura italiana. O pessoal é sempre bem alegre, festivo e foi fácil. Acho que quando vamos a algum lugar diferente, nós que temos que nos adaptar, não os outros. E conseguimos, pois em um bairro essencialmente gastronômico, já estamos há quase quatro décadas com nossa loja. E nesse tempo fizemos muitos amigos na região também”, afirma.

Pra conquistar espaço no meio da italianada, Lauro e família colocaram em prática toda experiência que ele acumulou ao longo dos anos. “Existem duas coisas diferentes: uma é o vendedor; a outra é o balconista. Hoje, quando vamos às lojas, o que encontramos são balconistas, que apenas auxiliam o cliente a encontrar o produto e pronto. O vendedor de verdade é aquele que consegue ajudar esse cliente com o que ele quer, e também faz com que ele descubra novas coisas que loja pode oferecer, conquistando vendas adicionais”, comenta.

Cliente de carterinha

De acordo com os clientes, a dedicação dá resultado. “Compro com eles desde antes da década de 90, quando a loja era a poucas quadras do ponto atual. O bom de vir aqui é que me sinto à vontade e somos tratados pelo nome e sempre saio satisfeito com o que preciso”, conta Luiz Carlos Souza, cliente de carteirinha da loja.

 

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Samuel Bittencourt

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