Santa Cândida

Vizinhos desconfiados

Escrito por Magaléa Mazziotti

O terreno na esquina das ruas Humberto Cezarino e José Carlos Ribeiro Taborda, no Santa Cândida, tem gerado medo, desconfiança e desconforto aos vizinhos. Os cerca de 1,6 mil metros quadrados, embora estejam ocupados, têm mato alto, lixo e mau cheiro.
A principal preocupação é a proliferação de ratos e baratas, e com pessoas que passam a residir naquele espaço. Uma família de catadores de material reciclável afirmou que, há alguns meses, mudou-se para lá a convite do suposto dono do terreno, identificado por Robson.

“Nossa casa em Almirante Tamandaré foi destelhada em uma tempestade e o Robson ofereceu aqui, em troca de cuidarmos do local”, explicou o catador Sebastião dos Santos, 51 anos. “Eu ainda estava grávida quando tudo aconteceu”, explica a filha do catador, Sílvia, 22 anos. Também residem no endereço a esposa de Sebastião, o marido e os três filhos de Sílvia, um bebê de dois meses, um menino de 2 anos e outro de 5.

Estofaria

A família conta que Robson também usa o local para reformar e fabricar sofás, mas ele não estava no estabelecimento durante a reportagem. “Ele tem a estofaria e nós separamos o lixo para sobreviver”, explicou a esposa de Sebastião, Elisabete, 48 anos. “Acham que somos bandidos ou drogados, mas não é nada disso. Só tentamos sobreviver com a reciclagem”.

 

Era pra atender a comunidade

De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento e Administração, o terreno foi doado pela prefeitura, em abril de 1972, para a Associação das Senhoras de Caridade São Vicente de Paulo para fins assistenciais. Na década de 1980, a entidade passou para a Associação de Moradores e Amigos Fernando de Noronha que deu sequência às atividades para a comunidade.

Porém, segundo informações de integrantes da associação, em 2013, a entidade passou por problemas administrativos que deixaram o ambiente vulnerável a invasão. Em novembro do mesmo ano, a associação registrou um boletim de ocorrência no 4.º Distrito Policial (Boa Vista) por conta da ocupação e extravio dos documentos da entidade. Desde então, os moradores não conseguiram retornar ao espaço.

Solução

A Secretaria explicou que, como faz mais de 40 anos da doação do terreno, ele não faz parte do patrimônio imobiliário do município. Entretanto, a falta de manutenção do entorno é passível de punição. A Secretaria Municipal de Urbanismo explicou que o endereço será visitado nos próximos dias para verificar os problemas e tomar providências. Porém, problemas jurídicos devem ser resolvidos pelas partes interessadas. Em casos como esse, o primeiro passo é denunciar a situação ao 156.

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Magaléa Mazziotti

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