Portão

Dogão salvador

Escrito por Giselle Ulbrich

Com a crise econômica, o comerciante Rogério Fernando Gomes Machado, 42 anos, encontrou uma maneira de “sobreviver”. Há três anos, começou a produzir um pão de cachorro quente em tamanho maior do que o vendido nos supermercados, o “dogão”, especial pra carrinhos de cachorro quente. Hoje a estratégia corresponde a 30% a 40% do faturamento da panificadora na Rua João Bettega, no Portão, e ajuda a equilibrar as contas do comércio, que está com vendas de balcão fracas.

Rogério vende uma média de 400 “dogões” por dia. Ele explica que o pão tem cerca de 15 centímetros, pra caber a salsicha dentro. Já o vendido nos mercados tem cerca de 10 centímetros e deixa as pontas da salsicha de fora.

A iniciativa de produzir o dogão começou a pedido do dono de um carrinho de cachorro quente. “Quando comecei, não entendia muito bem deste ramo. Graças à exigência dele fomos aprimorando e hoje temos um produto de qualidade”, revela. Atualmente, a panificadora produz “dogões” pra atender quatro carrinhos de cachorro quente.

Crise

Produção de pães especiais pra cachorro-quente ajuda padaria de Rogério a fugir da crise. Foto: Átila Alberti
Produção de pães especiais pra cachorro-quente ajuda padaria de Rogério a fugir da crise. Foto: Átila Alberti

Em quase nove anos de panificação, já é a segunda crise pela qual passa. Na primeira, entre 2009 e 2010, chegou a colocar o comércio à venda. Mas não apareceu interessado, ele foi tocando o negócio e conseguiu se recuperar. Naquela época, não vendia o dogão, mas era a única panificadora da redondeza. Hoje, há outras duas nas proximidades e, devido à concorrência, poderia estar sentindo muito mais a crise se não vendesse o dogão. “Com a crise, os carrinhos de cachorro quente estão vendendo menos. Minha produção também diminui. Mesmo assim, é o que tem ajudado”, analisa.

Do futebol aos hobbies

Torcedor do Santos, Rogério batizou seu comércio de Panificadora do Santista. Além de possuir uma bandeira do seu time preferido na parede, ele também colocou os brasões dos principais times de futebol brasileiros. A decoração atraiu muitos clientes. “Tem gente que vê o nome da panificadora, para o carro e entra só pra bater papo. Nem compra nada. Mas foi por causa dos brasões de times que muitos clientes se conheceram aqui e hoje são amigos, de um ir na casa do outro, fazer churrasco, compartilhar hobbies. Tem de todos os times. Eles aparecem aí pra tomar um café, ver o jornal da manhã. Sentam numa mesa e um já vai dizendo que é o presidente da assembleia”, diverte-se Rogério.

Driblando os assaltos

Venda pros carrinhos já representa até 40% do faturamento. Foto: Átila Alberti
Venda pros carrinhos já representa até 40% do faturamento. Foto: Átila Alberti

Rogério Machado apenas lamenta que a segurança no bairro deixa a desejar. Ele só tem conseguido manter as portas abertas porque contratou um segurança particular pra ficar na porta, há quase três anos. É um profissional compartilhado com outros comércios da quadra. Desde então, ninguém mais do trecho sofreu com roubos. Antes disto, a panificadora e lojas ao redor viviam recebendo visitas de ladrões. Em 2012, houve até o caso de uma pessoa baleada num dos crimes. Antes da segurança privada, a panificadora já tinha sido alvo de três assaltos, uma tentativa e um arrombamento.

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Sobre o autor

Giselle Ulbrich

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