Pinheirinho

Plantando segurança

Verduras e hortaliças ocupando o lugar que antes era tomado por lixo e bandidos. Essa transformação de cenário só foi possível de ser consolidada graças ao trabalho de 750 famílias que cultivam um dos canteiros que integram as 17 hortas do programa “Eletrosul Hortas Comunitárias” no Tatuquara. A iniciativa foi manchete da última Tribuna Regional Pinheirinho.

No Tatuquara, hortas são cultivadas 58 famílias das Moradias Paraná II e III e viraram espaços de convivência pra comunidade. Foto Gerson Klaina.
No Tatuquara, hortas são cultivadas 58 famílias das Moradias Paraná II e III e viraram espaços de convivência pra comunidade. Foto Gerson Klaina.

O programa que iniciou com três hortas na região, em 14 anos, quadruplicou o alcance graças ao envolvimento da comunidade e, atualmente, beneficia um universo de 1.600 pessoas, seja pelo acesso a uma alimentação saudável, seja pela geração de renda proporcionada pela produção. “O programa foi estruturado com a finalidade de melhorar a alimentação e estimular a geração de renda da comunidade, preservando as faixas de segurança das antenas, tanto que o cultivo é limitados a vegetais com raízes curtas. Mas os nossos objetivos no Tatuquara, felizmente, foram amplamente superados”, explica o coordenador técnico de Linha de Transmissão da Eletrosul, Roberto José Gunha.

E não há exagero no comentário do coordenador, pois os benefícios percebidos pelos moradores vão além dos pilares do programa. “Aqui virou um espaço de convivência da comunidade. No início da manhã ou fim do dia, aqui é um ponto de encontro de quem vem buscar a verdura para fazer no almoço e no jantar”, aponta a dona de casa Eldenice Aparecida dos Santos, 49 anos, que coordena as áreas cultivadas por 58 famílias provenientes das Moradias Paraná II e III.

Eldenice: “Era mato e lixo”. Foto Gerson Klaina.
Eldenice: “Era mato e lixo”. Foto Gerson Klaina.

Eldenice conta que além da melhora na saúde com a inclusão de mais verduras e hortaliças na alimentação, os lugares cultivados passaram a semear a paz para quem mora no entorno. “Nessa mesma região que hoje eu cuido da minha horta, antes do projeto eu tinha sido assaltada, porque era tudo mato e lixo, onde os bandidos se escondiam. Com as hortas, nunca mais soubemos de casos de assaltos”, explica.

Outra vantagem é que com a economia na parte de verduras e hortaliças, dá para comprar mais frutas para casa. “A minha saúde melhorou muito pela alimentação e também porque mexer com a terra acalma qualquer pessoa”.

Eldenice afirma que tem pessoas que vêm com recomendação médica para participar do programa. “Cura depressão, mas mesmo em casos assim, todo mundo tem que respeitar a fila de espera”, explica. Atualmente, nos canteiros que ela administra tem seis famílias aguardando a liberação do espaço. Quem passa mais de dois meses sem cuidar do canteiro, perde o espaço.

Antonio mata saudade da roça. Foto Gerson Klaina.
Antonio mata saudade da roça. Foto Gerson Klaina.

Chega de saudade

Os canteiros também curam a saudade do homem do campo, o que é bem comum entre os moradores da região, já que muitos vieram de regiões de intensa produção agrícola. É o caso do aposentado Antonio Manoel Moreira, 55 anos, que há sete anos deixou o município de Terra Rica para morar em Curitiba.

“Venho para cá e perco a noção do tempo no meu canteiro, isso é muito bom. E na volta, carrego umas 18 sacolas de verduras porque a família é grande e o meu neto adora alface”, revela. Antonio também aproveita para comercializar parte da produção. “Hoje mesmo vendi R$ 18 com o que colhi daqui”.

Até 2018 o programa está garantido pela Eletrosul que renovou o convênio com a Prefeitura, responsável pelo fornecimento das mudas. Um aporte financeiro da ordem de R$ 1 milhão está previsto para o período, e é usado conforme as necessidades do programa para compra de materiais e equipamentos. A Eletrosul também realiza ações educativas relacionadas à segurança em regiões próximas as antenas, para prevenir acidentes.

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Sobre o autor

Magaléa Mazziotti

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