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Lixeira animal

Escrito por Magaléa Mazziotti

Todo mundo reclama, mas falta disposição para buscar soluções que garantam a destinação adequada às fezes dos cachorros que circulam pelas ruas da cidade. O que poucas pessoas sabem é que tanto não coletar quanto decidir por recolher os dejetos em sacolas plásticas e deixar no gramado ou no lixo comum geram problemas de limpeza pública e para o meio ambiente. Ciente disso, um morador antigo do Água Verde e atual presidente da Associação de Desenvolvimento Empresarial e Comunitário do Bairro Água Verde (Adecoav), Edu Olavo Júnior, especialista em recursos hídricos, desenvolveu programa de educação ambiental chamado Cão Verde.

O programa visa envolver toda a sociedade (iniciativa privada, comunidade e poder público) na gestão adequada dos resíduos por meio da instalação de lixeiras específicas de “lixo animal”. A ideia é que os donos coletem as fezes com papel e depositem nos locais apropriados. “Esse material pode servir de adubo e assim pagar o processo de compostagem que o aterro sanitário da cidade deveria oferecer, do contrário, esse lixo volta a se misturar com o resto e vira chorume que contamina os rios”, aponta. Nesse sentido, ele diz que está buscando a Câmara de Curitiba para sensibilizar os vereadores sobre a necessidade de legislação que garanta as lixeiras e a compostagem.

Da parte da iniciativa privada, ele explica que as empresas que fabricam ração animal, por exemplo, poderiam oferecer pacotes de papel Kraft de brinde para incentivar as pessoas a recolherem com o material adequado os dejetos de animais. “Em larga escala, o custo desses pacotinhos não chega a centavos”, explica.

Orientações

De concreto, até agora, o programa conta com a vontade dele e de 11 moradores do bairro bastante engajados. Segundo Olavo, enquanto não se articulam de forma efetiva os demais agentes, o grupo busca orientar as pessoas que circulam pelas ruas do Água Verde a coletarem os dejetos e levarem para jogar no vaso sanitário de suas residências. “Não é o ideal, mas poupa a natureza da combinação plástico e matéria orgânica, que leva muito tempo para se decompor”.

Donos rejeitam improviso

Entre os donos de cachorros, a solução improvisada encontra resistência. “É complicado trazer de volta para casa, porque mesmo jogando na privada, o saco onde transportamos fica sujo e cheira mal”, aponta a dona de casa Emília Aoke que há quatro anos é dona de cão da raça pug. “O ideal seria a instalação de lixeiras específicas”, defende. Por enquanto, apenas coleta em saco plástico e joga na lixeira comum ou em caçambas. Responsável por dois cães da raça bulldog francês, a empregada doméstica Cristina da Silva leva os cachorros para passear quatro vezes ao dia. “Não dá para recolher e trazer de volta. O ideal seria ter lixeira”, constata.

Pelas ruas do bairro dá para constatar a insatisfação de quem precisa conviver com esse problema. Não é raro encontrar alguns avisos, como na Rua Samuel César, de quem já se cansou de recolher as fezes do cachorro alheio. A empregada doméstica Maria Juraci Soares conta que diariamente precisa limpar a frente do estabelecimento onde trabalha. “E pelo menos uma vez por semana lavo a calçada para dar conta de tanta sujeira”, ressalta.

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Magaléa Mazziotti

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