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Mania de limpeza

Escrito por Leilane Benetta

Depois de tanto reivindicar ao poder público melhorias para o bairro onde mora, Manoel Bernardo Máximo poderia se acomodar e dizer: de nada adianta. Mas ele continua reivindicando e, ao mesmo tempo, faz a sua parte para deixar o conjunto Oswaldo Cruz II, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), um bairro mais agradável para toda a comunidade.

Todos os dias Manoel limpa a praça ao lado da casa dele, onde há um parquinho infantil. A mulher dele, Lídia Belegante Máximo, diz que chega a ficar brava com a mania do marido. “A gente até briga de tanto tempo que ele fica aqui, mas fazer o quê? Ele se diverte”, conta.  “Eu limpo, passo a enxada, corto grama. Agora só parei de cortar porque minha máquina queimou, mas vou comprar uma nova”, diz Manoel, que está aposentado há duas semanas. Antes, mesmo trabalhando, ele encontrava tempo para zelar pela praça. “O pouquinho de tempo que eu tinha eu fazia”.

O morador revela que sempre cobra da administração pública por melhorias ao conjunto. “Sempre reivindico limpeza, poda, ou que consertem os brinquedos quebrados. Mas se eles não dão conta de fazer, então eu colaboro com a comunidade. O que eu posso fazer, eu faço”, afirma.

Estímulo

“Faço para manter o bairro limpo e para incentivar outras pessoas. Se eu deixar do jeito que está, vai ficando cada vez pior. Aí o pessoal vai jogando bicho morto, lixo, de tudo”, destaca Manoel. Ele conta que tem dias em que chega a tirar quatro ou cinco sacolas de lixo da praça. “Principalmente na sexta e no sábado fica cheio de garrafa, aí eu junto tudo antes que elas quebrem, para a criançada poder brincar”.

Manoel lamenta que os muros da praça estejam cobertos por pichações. “Passei tinta ali umas 50 vezes, daí eu desisti”, diz. “Fica uma imagem muito desgastada”, constata. “Tem vizinho que deve até tirar sarro da minha cara, de eu cuidar, mas acho que só tenho a ganhar com isso”, comenta.

Casas coloridas

Capricho no conjunto Oswaldo Cruz II também pode ser visto em duas casinhas coloridas na Rua Padre Landell de Moura. A rosa pertence a Sonia Quintanilha dos Santos. Ela conta que para manter o imóvel sempre bonito refaz a pintura a cada dois anos. “Já estou com vontade de mudar a cor, porque eu enjoo”, conta. A calçada da casa dela também está impecável.

No jardim de Sonia, além das plantas que ela mesma cuida, enfeites e uma fonte compõem a decoração. Mas o zelo que a moradora tem pela casa não foi respeitado pelos vândalos, que picharam ao redor da campainha da casa. “Levei um choque: ‘poxa vida, picharam?’”, conta Sonia. Na casa dela também é feita a separação do lixo. “Meu marido exige, ele separa tudo”.

Outra casa chamativa da rua tem a cor amarela, que a dona, Zoraide Cordeiro, de 80 anos, diz ter escolhido para se diferenciar das outras. “Não tinha nenhuma amarela ainda”. A pintura do imóvel também é refeita a cada dois anos. Zoraide é quem cuida do jardim de casa, que está cheio de flores vermelhas e rosas. “Eu mexo todo dia, faz bem para espairecer”, diz. Ela é outra moradora que diz que não trocaria o conjunto Oswaldo Cruz por outro bairro. “Gosto bastante daqui”.

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Leilane Benetta

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