Matinhos

Os “olhos do litoral” flagram baleias, tartarugas gigantes, raios, ressacas e as belezas das praias do Paraná

Um misto de talento, dedicação, sorte e quase um sexto-sentido levou o fotógrafo Almir Alves, morador da cidade de Matinhos, no litoral do Paraná, a conseguir este incrível registro do momento em que um relâmpago clareou as praias do nosso estado. O flagra aconteceu por volta das 18h30 no Pico de Matinhos, tradicional ponto de parada de turistas e surfistas.

Esta é apenas uma das imagens incríveis que este matinhense de 45 anos. Se você acompanha os jornais da RPC (e até outros programas de TV, de outras emissoras) você provavelmente já viu uma das fotos feitas pelo Almir. Já foram cerca de 1500 exibições de fotos e vídeos em diferentes horários e emissoras.

Servidor municipal, ele é um incansável divulgador das belezas do nosso litoral. Um pôr do sol, a chegada de uma canoa de pescadores, o balé das gaivotas e as ondas quebrando no mar são os protagonistas de verdadeiras obras de arte em forma de foto e vídeo, capturados graças a uma tecnologia ainda muito cobiçada: os drones.

Com eles (no plural, porque já foram vários os que passaram pelas mãos firmes e dedos hábeis do Almir), é possível encontrar ângulos inesperados e registrar para a posteridade momentos únicos, que jamais se repetirão. “São registros que quero guardar para meus filhos (Miguel Ricardo, de 16 anos, e Anita, de 6) e para o povo de Matinhos, essa cidade que tanto amo. É meu jeito de retribuir o carinho com essa cidade e esse povo”, disse à Tribuna.

Professor de formação, Almir Alves é dono dos perfis Matinhos Agora, no Facebook e Instagram. Neles, posta vídeos e fotos que já foram compartilhadas milhões de vezes. A foto desta segunda-feira, por exemplo – que ilustra essa matéria -, em menos de 24 horas, foi curtida por quase 7 mil pessoas e compartilhada quase 1,3 mil vezes, alcançando quase 175 mil pessoas. “Já apareceu foto minha no Jornal Hoje e até no Jornal Nacional”, orgulha-se.

Tanta identidade de Almir com Matinhos se justifica pela longa linhagem de sua família. “Meu bisavô Manoel Ferreira Gomes foi um dos fundadores daqui, meu avô tinha um bar onde hoje é o Iate Clube, em Caiobá, e também era o único cabelereiro da cidade. Ali criou 11 filhos. Meu falecido pai era pescador e minha mãe, que tem 74 anos, nasceu em Caiobá”, recorda-se, emocionado. “Por isso meu carinho por essa gente”, acrescenta.

Trabalho incansável

As raízes e o trabalho que desenvolve, renderam a Almir o título de Cidadão Benemérito de Matinhos, além do apelido de “Os Olhos do Litoral”, dado pelo time da Tribuna, parceira informal do Matinhos Agora. “Muita gente acha que temos uma equipe para fazer os vídeos e fotos. Tem não. Sou só eu mesmo, sozinho”, afirma. E mesmo sozinho, ele consegue registros incríveis.

Para isso, no entanto, ele se aventura em lugares e situações inusitadas e, por vezes, pouco favoráveis. “Cara, parece que eu atraio umas coisas bem loucas. Eu to filmando, um pássaro abre as asas, uma onda grande se forma um relâmpago, como esse de ontem, cai. Eu atraio essas situações”, diverte-se.

Algumas das imagens que mais repercutiram foram os registros de ressacas no litoral do Paraná. Dias chuvosos, as vezes, são tão belos quanto os dias de sol para o registro de flagrantes e imagens bonitas. Mas isso tem seu preço. “Já perdi uns 5 drones tentando ‘ir além’ para fazer umas imagens legais’. O prejuízo pode ser grande, já que esses “pássaros eletrônicos” podem custar bem caro.

Almir lembra com saudades de algumas imagens que capturou. “Eu avalio nosso litoral como uma dos mais belos do país (a despeito de algumas críticas sobre a cor da água e tudo mais). “Uma vez registrei aquela casa à deriva, já fotografei baleia em alto mar, leões marinhos, tartarugas gigantes”, recorda-se.

“Filho da terra”, Almir sonha em ver um litoral mais bem cuidado. “Falta estrutura, é verdade. Somos ‘crianças’ perto de ‘adultos’, mas temos potencial de crescimento”. E revela seu sonho para o futuro. “Que as pessoas cuidassem mais das praias, não jogando lixo. Tem muitas pessoas que cuidam, mas tem gente que não merece nem estar ali. Aparecem muitos animais mortos, com plástico e restos de lixo. É triste de ver”.

Coisa séria

Não é todo mundo que pode operar um drone. Pelo menos um desses como os usados por Almir. Para estar dentro da legalidade, é preciso ter um curso de operação e registrar os voos nos órgãos competentes, já que essas pequenas aeronaves chegam a quilômetros de altura e distância. Um aparelho equivalente ao usado pelo nosso personagem custa em torno dos R$ 7 mil.

Sobre o autor

Eduardo Luiz Klisiewicz

Jornalista desde 2003, já foi repórter de jornal, site, rádio e TV, além de editor e comunicador. É coordenador de conteúdo das Tribuna desde 2017

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