Litoral

Bandidos na praia

Escrito por Luiza Luersen

Violência assusta moradores e turistas nas praias paranaenses

A ideia era passar um final de semana tranquilo, mas ao chegar à casa de praia não tem nada, tudo foi roubado. É assim que muitas pessoas estão encontrando suas residências no litoral do Estado. Pelas ruas de Pontal do Paraná, bairro Balneário Praia de Leste, a reportagem da Tribuna registrou mais de quatro casas arrombadas na mesma quadra. Além de roubarem as casas que ficam vazias ao longo do ano, os bandidos são ainda mais ousados. Eles picham as residências com ofensas aos proprietários e os vizinhos, que moram na cidade, já cansaram de ligar para os donos das casas para informar arrombamentos.

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“Esses vizinhos geralmente moram em outra cidade e a violência tá demais por aqui. Andando pelas ruas, eu vejo casa arrombada, pichada. Esses dias eu vi uns rapazes saindo de uma casa com televisão e até achei que era o vizinho que estava se mudando, mas não era. Não está fácil”, contou a moradora Marli Tavares Côrrea, 54 anos.

Foto: Átila Alberti.
Foto: Átila Alberti.

Outra moradora da cidade conta que os bandidos costumam entrar até mesmo em casa de trabalhadores da região e agem da mesma forma. “Na minha casa eles entraram enquanto eu estava no trabalho. Levaram diversos pertences nossos. Aqui na região, muitas casas foram roubadas. A gente precisa de segurança o ano todo. Só lembram do litoral durante a temporada de verão, mas e ao longo do ano? Quem mora aqui sofre muito com a violência. Até mesmo uma caminhada pela cidade está difícil. Tem diversos assaltantes, moradores de rua e muito risco para nós”, desabafou Ivone Lopes, 56.

A violência vai além de roubos a casas. Muitos moradores relatam a mesma insegurança que Ivone sente. A Tribuna flagrou gente morando em casas que servem para o trabalho do Corpo de Bombeiros durante a temporada de verão. Um morador, que optou por não se identificar, conta que o descaso é grande na cidade e que esses homens guardam objetos roubados dentro dessas “casinhas”.

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“Eu acho um absurdo a gente andar por aqui e se deparar com pessoas morando nessas casinhas dos bombeiros. Eles fazem fogueira e eu mesmo fui assaltado esses dias saindo do banco. Eu e outros moradores suspeitamos que são esses ’caras’ que estão morando aqui. Outro dia uma vizinha foi assaltada na passarela que dá acesso à praia. Levaram o celular e dinheiro. Está um absurdo”, contou, indignado.

Foto: Átila Alberti.
Foto: Átila Alberti.

Violência sem freio

Em Matinhos, a história se repete, de acordo com moradores. Por lá, as casas também estão sendo roubadas e uma série de mortes violentas aconteceram nos últimos dias, algo que preocupa ainda mais quem mora na região. “Eu tenho casa na praia e nossa casa já foi roubada neste ano. Além disso, a gente ficou sabendo de diversos homicídios registrados na cidade. Eu tenho medo de estar por lá durante a temporada, já que presenciei um tiroteio no ano novo. Antigamente a gente sabia quem morava na cidade, hoje vemos que a violência está absurda por lá. Tenho medo”, contou Maria do Socorro Alves, 36 anos, proprietária de uma casa de praia no município litorâneo.

Foto: Átila Alberti.
Foto: Átila Alberti.

Guaratuba também coleciona episódios de arrombamentos em casas. Um leitor relatou os frequentes assaltos na rua casa de praia da família, no bairro Nereidas. “Meu sogro tem casa em Guaratuba e na rua da casa dele entraram em cinco casas. Lá era um lugar tranquilo e agora até caminhar na rua tá difícil. Fora da temporada é muito vazio e eles se aproveitam da situação. Tá complicado mesmo, a gente precisa de segurança o ano todo”, relatou o morador, que não quis se identificar.

Fiscalização ampliada

A Polícia Militar (PM) explica que Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba, recebem diariamente atenção da Polícia Militar do Paraná, por meio do 9º Batalhão da PM, com diversas modalidades de policiamento, como radiopatrulha, ROTAMs (Rondas Ostensivas Tático Móvel) e módulo móvel. O órgão reforçou que o trabalho vem sendo feito, com os meios humanos e materiais disponíveis, priorizando as ocorrências de perigo à vida.

“Nestas cidades o trabalho diário tem resultado em várias prisões e apreensões. No entanto, muitas pessoas que têm problemas com roubos, não registram o Boletim de Ocorrência, documento importante para o embasamento do policiamento. A população que registrou boletim de ocorrência, e precisa de resposta sobre o caso, deve procurar a Polícia Civil para ver o andamento das investigações”, orienta a corporação.

Desde o início de novembro, o litoral está recebendo apoio da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (AIFU), nos finais de semana, que já abordou 712 pessoas e 31 veículos (destes carros dois foram recolhidos), autuou 19 pessoas por perturbação do sossego e lavrou 11 autuações de trânsito. A PM promete que estas ações vão continuar.

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Luiza Luersen

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