Litoral Matinhos

Exemplo de coruja!

Evitar que uma tragédia se repita pelo viés da educação. Essa é a missão do Projeto Coruja Bindi, criado pela estudante de biologia Ana Lúcia Sniecikoski após um episódio de violência extrema em Matinhos, quando alunos de uma escola apedrejaram uma coruja orelhuda (espécie Asio clamator), em setembro do ano passado. A coruja sobreviveu, mas suas asas precisaram ser amputadas.

Mesmo sem voar, a força da coruja em se readaptar à nova realidade serviu de fonte de inspiração para a estudante, que de lá para cá está organizando esse projeto de educação ambiental.

Ana Lúcia explica que o objetivo é levar às escolas e aos demais ambientes de promoção do conhecimento informações sobre as aves hostilizadas pela sociedade, sobretudo, corujas e urubus. “Temos uma avefauna tão rica em espécies, mas crendices populares colocam em risco a sobrevivência desses animais e os submetem a todos os tipos de maus tratos, como ocorreu com a coruja orelhuda”, explica a estudante.

Ela conta que sempre teve interesse por aves e fazia um trabalho de observação no litoral, quando a coruja foi atacada. Após passar pela cirurgia que removeu as asas, a coruja foi encaminhada para o Centro de Reabilitação Proamar, no Centro de Estudo do Mar (CEM), em Pontal do Paraná, e vive lá desde então.

“Particularmente sempre gostei de corujas e fico preocupada com a ignorância provocada pelo medo ou por mitos como o de que o canto delas é sinal de que alguém vai morrer. A medida que as pessoas souberem da importância desses animais para o meio ambiente, creio que os casos de violência tendem a diminuir”, aponta.

De acordo com Ana Lúcia, apenas uma escola já teve contato com o projeto e a resposta de alunos e professores foi extremamente positiva. “A resposta da crianças é imediata. Elas ficam maravilhadas em descobrir as particularidades da coruja e os educadores, por sua vez, muitas vezes se surpreendem até mesmo com informações simples, de que a coruja é o símbolo da pedagogia e da sabedoria”, conta.

Tanto para o projeto quanto para a manutenção do tratamento da coruja orelhuda, o grande desafio é obter recursos para a manutenção das atividades. “Somente com a coruja temos uma gasto fixo perto dos R$ 300 entre complexo vitamínico e carne, que é a base da alimentação”, informa.

Ações

Quanto ao projeto, Ana Lúcia planeja várias ações onde a confecção de material gráfico e vídeos são importantes para ampliar o alcance da proposta de educação ambiental. “A ideia é poder transmitir conhecimento e conscientizar pessoas de todas as idades, incluindo, os estudantes que atacaram a coruja, algo que até agora não consegui aproximação”, comenta.

“O símbolo da sabedoria não pode ficar refém da ignorância”, conclui Ana Lúcia. Quem quiser auxiliar no projeto ou na manutenção pode entrar em contato com a estudante pelo email: aninhamundoanimal@gmail.com ou (41) 9719-9268.

Sobre o autor

Magaléa Mazziotti

(41) 9683-9504