A aposentada Maria do Rocio Janz, 67 anos, e seu esposo Dagoberto Janz, 73, estão apavorados. Moradores do Hauer, em Curitiba, eles tiveram sua casa invadida por bandidos duas vezes em apenas um mês e passaram a viver trancados depois dos momentos de terror.

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“Era 11h30 da manhã do dia 23 de janeiro. Meu marido foi levar algumas calhas pra fora junto com outro senhor que estava trocando as telhas da casa, e três homens armados os abordaram e levaram pra dentro. Eu estava fazendo almoço com minha netinha do lado quando vi meu marido com uma arma apontada pro seu pescoço. Foi terrível!”, descreveu a idosa.

No momento do assalto, ela estava em casa com duas filhas e três netos. “Essas imagens não saem da minha mente. Eles trancaram os homens no banheiro e levaram as mulheres e crianças pra garagem. Lá, um assaltante apontou a arma para o peito do meu netinho. Desde aquele dia, não consigo mais dormir”.

Os marginais fugiram no carro da família levando televisão, bebidas, materiais de higiene, aspirador e muitos outros objetos. “Limparam minha casa, mas o que mais faz falta é o acordeon do meu filho deficiente. Ele tocava aquele instrumento com alegria e isso fazia diferença pra ele e pra nós. Agora, não temos mais o acordeon e nem liberdade porque só vivemos dentro de casa com tudo fechado e morrendo de medo”.

Burocracia do B.O.

Casal foi assaltado duas vezes em menos de um mês. Foto: Átila Alberti
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Depois de 15 minutos de tensão, os bandidos foram embora. No entanto, as horas de angústia vividas pela família não acabaram com a fuga. “Eu não imaginava quantos problemas nós teríamos. Assim que consegui um celular, chamei a Polícia Militar e eles vieram em meia hora pra fazer o boletim de ocorrência e dar o alerta de veículo roubado. Só que eu ainda teria que atualizar aquele boletim na Polícia Civil com tudo que tinha sido levado”, contou a filha Viviane Janz Moretti.

Para isso, ela acompanhou os pais até a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), no Jardim Botânico. “Fiquei uma hora aguardando e, quando chegou a minha vez, mandaram eu ir na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), na Vila Izabel. Quando chegamos lá, disseram que não era ali e até ligaram na DFR questionando a situação. Voltamos para o Jardim Botânico, onde disseram que o boletim ainda nem estava no sistema. Achei um descaso”.

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Segundo o outro filho do casal, Mauro Janz, a atualização só foi realizada dois dias depois e até hoje não trouxe nenhum resultado. “Ninguém foi preso, nada foi recuperado e meus pais já foram assaltados de novo. Vamos começar toda a correria novamente e a sensação que temos é de que não adianta nada”, reclama.

A violência continua

Moradora pede mais seguranca na Rua Anne Frank no bairro Hauer. Foto: Átila Alberti

O segundo assalto aconteceu durante o feriado de Carnaval, quando a família estava descansando na praia e recebeu uma ligação da PM às 6h do dia 26 de fevereiro. “Eles disseram que cinco bandidos tinham entrado na casa dos meus pais e que a residência estava em situação deplorável. Eu quase enfartei”, relatou Viviane.

Dona Maria percebeu que os filhos estavam preocupados na praia, mas ninguém lhe contava o que tinha acontecido. “Pela primeira vez eu tinha conseguido ter uma boa noite de sono depois de ver minha família nas mãos dos bandidos, mas aí a sensação de insegurança voltou”.

Segundo ela, há poucas residências na rua e todas foram vítimas da violência nos últimos dias. Por isso, ela e os demais moradores pedem ajuda das autoridades. “A situação aqui está feia. A gente sai na rua com medo e eu já fui assaltado duas vezes à mão armada sem poder reagir pra não levar um tiro na cara. Nós precisamos de um módulo policial urgentemente para que a polícia consiga atender a região com rapidez”, pede o morador Manoel dos Santos.

Policiamento na região

De acordo com a Polícia Militar, o Hauer é atendido pelo 20º Batalhão, que tem feito policiamento preventivo no local com o efetivo que possui. Além disso, a PM informa que realiza operações na localidade por meio da 4ª Companhia e ações pontuais em toda a região com as Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (ROCAMs), Rondas Ostensivas Tático Móveis (ROTAMs), módulo móvel da unidade, abordagens a pessoas e veículos e também com a radiopatrulha.

Manoel, morador da região, pede um módulo policial no bairro.

Já a Guarda Municipal cita que realiza rondas constantes nos bosques, praças, parques e principais ruas do bairro, pois os principais papéis da GM são proteger o patrimônio público e auxiliar o cidadão quando ele solicitar.

Quanto às dúvidas relacionadas ao boletim de ocorrência, a PM explica que ele pode ser feito nas delegacias da Polícia Civil e nas unidades da Polícia Militar. No entanto, quando há flagrante, a equipe da PM registra o boletim no local do crime com base no relato da vítima e repassa ao sistema.

Segundo a Polícia Civil, esse boletim demora 24 horas para chegar ao sistema e, por isso, as vítimas devem aguardar esse período para procurar a delegacia. Além disso, vale ressaltar que existem quatro delegacias especializadas em Curitiba, que devem ser procuradas pelas vítimas.

Delegacias especializadas de Curitiba

– Delegacia de Furtos e Roubos (DFR)
Atende roubos e casos de latrocínio (roubo e morte)
Endereço: Av. Presidente Affonso Camargo, 2239 – Jardim Botânico
Telefone: 3218-6100

– Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV)
Atende somente roubo de carros. Se no momento do crime foram levados outros produtos, a competência é da DFR.
Endereço: Tamoios, 1250 – Vila Izabel
Telefone: 3314-6400

– Delegacia de Estelionato
Atende os casos em que a pessoa é vítima de algum golpe.
Endereço: Rua Professora Antonia Reginato Vianna, 1177 – Capão da Imbuia
Telefone: 3261-6600

– Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DFRC)
Atende situações de desvio de mercadorias em trânsito.
Endereço: Lourenço Gbur, 1783 – Campina do Siqueira
Telefone: 3343-1639

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