Atravessar quatro pistas em meio a uma rodovia movimentada é rotina para o caminhoneiro Reinaldo dos Santos. Morador de Fazenda Rio Grande próximo ao quilômetro 121 da BR-116 há 25 anos, afirma não temer acidentes ou perder a vida. “Não tenho medo nenhum”. Mesmo a 100 metros de uma passarela, que foi construída no trecho este ano, Reinaldo prefere atravessar a rodovia. “Não uso a passarela e não vou usar. Ela foi mal projetada, fica mais complicado passar por lá do que pela rodovia”, comenta.
O caminhoneiro reclama que as rampas de acesso à passarela, no bairro Campo de Santana, em Curitiba, deveriam estar em lados invertidos, o que torna o caminho mais longo. “Para ir para minha rua a entrada fica do lado contrário, aí tenho que andar mais uns 50 metros. Fica longe. A entrada deveria ser para a esquerda e está na direita. O caminho é mais longo assim”, reclama. Reinaldo garante que toma todo cuidado para atravessar a rodovia e que nunca teve qualquer problema.

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Porém, o frentista Joel Defino, que trabalha em um posto de combustíveis na mesma região há sete anos, não gosta de arriscar a vida, principalmente pelos sustos que já tomou. “Quase fui atropelado, e várias vezes, antes de ter a passarela. Já vi pelo menos uns quatro atropelamentos aqui e não quero correr risco. Prefiro usar a passarela. O caminho fica mais demorado, mas é mais seguro”, explica.
No posto de combustíveis de Joel, a gerência trabalha corriqueiramente com instrução e orientação para os funcionários na tentativa de evitar que eles atravessem a BR-116 e passem a usar a passarela. Ainda assim, não conseguem conscientizar todos. “Temos um programa de segurança no trabalho e orientamos, mas eles atravessam fora da passarela o tempo todo”, lamenta a subgerente do posto, Danielly Vicente.

Para a jovem, as grades de proteção entre as duas pistas – que servem de barreira para que pedestres não as atravessem – deveriam ser estendidas para aumentar a segurança dos funcionários das empresas que estão no entorno da passarela. “Sem as grades eles não vão respeitar. E agora está mais perigoso porque antes da duplicação eram apenas duas pistas que eles atravessavam, hoje são quatro”, alerta Danielly, que destaca ainda o risco diário de quem mora e trabalha na região. “Os carros passam em alta velocidade. Mesmo sendo uma área urbana temos a rodovia aqui. A passarela pode ser longa, até longe, mas quanto vale a sua vida? Por que não usá-la?”, questiona a subgerente.
Pontos inseguros

Outra reclamação é quanto à segurança dos pontos de ônibus. De acordo com Márcio Ferreira, que sugeriu a reportagem aos Caçadores de Notícias, falta iluminação pública nos pontos que estão nos arredores da passarela. Além disso, poucas vezes os ônibus param no local correto. “Eles param no acostamento, não vêm até o ponto porque fica complicado sair aqui desta via”, explica o estudante Mário Anderson. Segundo ele, as condições da marginal onde os ônibus deveriam parar para que os passageiros embarquem são muito ruins. “Não tem como ele parar aqui mesmo. Mas é perigoso ter que ir até o acostamento. Isso quando não passam direto”, afirma. A concessionária Autopista Planalto Sul, que gerencia o trecho da rodovia, foi procurada pela reportagem, mas a assessoria de imprensa não retornou as ligações.
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– Você conhece algum outro local onde as pessoas ignoram a passarela e preferem se arriscar cruzando a rodovia?