Curitiba

Será que volta?

Foto: Divulgação/PPI
Escrito por Giselle Ulbrich

A “raspadinha”, a loteria instantânea da Caixa, pode (ou não) voltar, com o nome de “Lotex”. Primeiro leilão, na semana passada, não vingou, pois as empresas que demonstraram interesse não apresentaram propostas

Lembra da “raspadinha”, aquela loteria instantânea que você ganhava prêmios na hora, se achasse três valores iguais no cupom? Tinha gente que não aguentava esperar chegar em casa e já raspava o cupom ali mesmo na casa lotérica. Outros levavam de presente para a mãe aposentada, para os filhos ou a esposa. Era possível ganhar até R$ 100 mil com ela.

Na casa lotérica do empresário Auxílio Suguimoto, a Loterias Muricy, ele já viu muitos clientes saírem premiados. “Uma vez pegamos um lote que saiu um monte de prêmios. Foram vários de R$ 5 mil. Vimos também muitos clientes ganharem moto, carro. Era uma loteria bem divertida”, conta o empresário.

O aposentado Joel Camargo, 76 anos, cliente da Loterias Muricy, conta que gostava muito da raspadinha. Toda semana comprava e muitas vezes ganhou aqueles prêmios de R$ 2, que geralmente eram trocados por outra raspadinha. “Era uma loteria bem divertida. E quando a gente tirava aquele prêmio de R$ 2, um amigo meu dizia: Já deu pra salvar o capital investido”, brinca o aposentado, que hoje gosta de jogar na Quina e na Mega Sena.

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Negócio rentável

Mas você percebeu que a raspadinha sumiu das casas lotéricas já faz três anos? Em março de 2015, o governo federal suspendeu a loteria, para reformular uma nova. Alguns especialistas comentam que o governo percebeu que se tratava de uma loteria muito rentável e por isto decidiu retirá-la da Caixa e privatizá-la. Não é à toa que a loteria instantânea corresponde a 25% do mercado lotérico mundial. Já a Secretaria de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria (Sefel), no Ministério da Fazenda, diz que a Controladoria Geral da União encontrou algumas “inadequações” legais na operação da loteria e por isso ela foi retirada do mercado. A Sefel não divulgou o valor total arrecadado com a raspadinha, nos seus 25 anos de operação. Mas supõe-se que possa ser muito mais que R$ 4 bilhões, pois só em 2012, por exemplo, ela atingiu uma arrecadação máxima de R$ 206 milhões.

Ainda é incógnita

O governo federal abriu a licitação para interessados em operar a Lotex, a nova raspadinha, que virá com temas relacionados ao futebol, datas comemorativas, referências culturais ou licenciamentos de marcas e personagens entre outros. Qualquer empresa poderia participar, desde que desembolsasse o lance mínimo de R$ 542,1 milhões, para operar a loteria por um prazo de 15 anos. Estima-se que, já no sexto ano de operação, a arrecadação da Lotex possa chegar a R$ 6 bilhões. O leilão ocorreria na quarta-feira da semana passada, mas conforme o Ministério da Fazenda, não apareceram interessados.

Por conta disto, o Ministério informou que está sondando as empresas que se mostraram interessadas inicialmente no leilão, para saber porque desistiram de apresentar propostas. Depois que os fatores forem compreendidos, é provável que o Ministério da Fazenda, junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), formule um novo edital de licitação. Não há prazo para isto. Mas também não se descarta a hipótese de que o Ministério desista de colocar a loteria em operação.

Caso saia uma nova licitação, a Caixa, que atualmente é a única operadora de loterias no Brasil, também poderá concorrer ao leilão. Sendo assim, a raspadinha continuará sendo comercializada pelas casas lotéricas. Mas caso seja outra empresa a vencedora da licitação, serão estudadas novas formas de vender a loteria, que já tem previsão de ser vendida de forma física em farmácias, supermercados e comércio em geral, por exemplo e online.

A Caixa foi procurada, mas não se pronunciou sobre a Lotex.

Lei da porrada!

Sobre o autor

Giselle Ulbrich

(41) 9683-9504