Bolos, sopas, risotos, cappuccinos e outras delícias são vendidas de uma maneira bem charmosa por um casal que driblou a crise, visualizou uma nova oportunidade de trabalho e mudou de vida. Casados há 15 anos e pais de um garoto de 13 anos e uma menina de 11, os empresários Janaína Pegorini, 43, e Marcos Pegorini, 44, decidiram replicar o sucesso do casamento na vida profissional.

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Juntos, em 2016 eles montaram uma pequena empresa, na cozinha de casa, no Água Verde, para produzir receitas prontas para ir à panela. Embalados em potes de vidro reutilizáveis, os ingredientes coloridos das preparações criadas por eles enchem os olhos e aguçam o paladar.
Segundo Janaína, que adora cozinhar e conquista todos com seus pratos, a ideia surgiu com as dificuldades enfrentadas no buffet especializado em festas infantis, que ela comandou por 14 anos. De acordo com a empresária, as últimas crises financeiras fizeram o faturamento do negócio oscilar muito. E esta sazonalidade levou ela a decidir fechar o negócio.

Janaína e Marcos são os idealizadores e funcionários de "O que tem no pote?". Foto: Felipe Rosa
Janaína e Marcos são os idealizadores e funcionários de “O que tem no pote?”. Foto: Felipe Rosa

“Vinha uma crise e ia lá para baixo o movimento. Em certas épocas ganhávamos dinheiro, em outras nada. Assim ficou difícil manter a empresa, a gente tinha funcionários. Mas aí pensei: o que eu vou fazer se eu fechar o buffet? Nisto percebi que não existe crise, mas sim, oportunidade, basta olhar em volta e arrumar o que fazer. E eu sabia que esta resposta tinha que vir da minha cozinha”, conta Janaína.

O bolo “queridinho”

Decidida a encontrar uma nova fonte de renda e de realização pessoal, Janaína logo pensou no bolo de maçã com aveia que fazia e que tanto agradava os amigos e parentes. Foi com ele, em abril de 2016, depois de testes e muitas degustações, que surgiu a primeira receita da empresa “O que tem no pote?”.

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“O bolo fazia muito sucesso. Então decidi colocar os ingredientes em um pacotinho e mostrei para as pessoas da família, que gostaram e deram sua opinião. Depois, por conta da apresentação, para que tudo não ficasse misturado, surgiu a ideia do pote. Mas, e para fazer esta e outras receitas caberem no pote? Neste processo foram vários ‘cafés coloniais‘ aqui em casa”, lembra a empresária.

Negócio funciona na cozinha da residência do casal. Foto: Felipe Rosa

O “engenheiro” da empresa

Com o sucesso das primeiras vendas em bazares de produtos artesanais, Janaína viu, em novembro de 2016, que aquilo tinha mesmo se tornado um negócio e que precisaria de ajuda para gerenciá-lo. Com os pedidos aumentando, pouco depois, seu marido Marcos, que tinha um emprego estável como engenheiro em uma grande empresa, decidiu assumir seu posto no promissor negócio familiar, que a esta altura se tornava uma MEI, empresa registrada na categoria de Microempreendedor Individual.

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“Em fevereiro deste ano saí da empresa de tecnologia onde trabalhava, para ajudá-la. A Janaína não estava dando conta de todas as atividades, que estavam crescendo. Assim ela podia ter liberdade para usar sua criatividade na cozinha, para bolar novos produtos”, afirma Marcos. De acordo com o empresário, em pouco mais de um ano trabalhando quase que sem folga, os dois – que ainda são os únicos funcionários da equipe – conseguiram desenvolver a empresa, ampliar e aprimorar as opções de produtos vendidos, conquistar novos clientes e principalmente, alcançar satisfação profissional.

“Hoje ainda estamos na cozinha de casa, mas já temos um projeto aprovado, para ir para um local maior, planejado para receber a empresa. Queremos alcançar novos públicos, entre eles os veganos e as crianças. E também estudamos como atuar no mercado nacional. A gente trabalha bastante, mas eu não tenho saudades daquele antigo trabalho. Prefiro ser engenheiro da minha própria empresa”, avalia Marcos.

SERVIÇO

O que tem no pote?
Encomendas:
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www.oquetemnopote.com.br

(041) 98862-8971

Empreendedores já fazem planos de expansão. Foto: Felipe Rosa

Oportunidades

Segundo o casal, é essencial identificar as necessidades do público e adequar as receitas de acordo com as preferências dos clientes. Além disto, as outras preocupações da empresa, às quais eles atribuem o sucesso do negócio, são: trabalhar com alimentos saudáveis, produzir um produto de qualidade e que oferece praticidade, vender as receitas a um preço justo, ser dedicado e estar sempre de olho em novas oportunidades.

Para Janaína, a dica para as pessoas que pensam em agir como eles, que desejam mudar de emprego ou abrir uma empresa, é observar seu entorno, para entender o que as pessoas buscam e o que faz falta para elas. Além disto, buscar apoio em locais como o Sebrae e se planejar também faz a diferença. “Eles conseguem dar uma luz e ajudar a fazer um plano de negócios. E converse com sua família, ouvindo a opinião deles”, diz. “E também tem que ter coragem, o Brasil é um burocrático e caro, com impostos que quase inviabilizam o negócio”, complementa Marcos.

Andréa Montrucchio: mercado não tem lugar para amadorismo. Foto: Marcelo Andrade

Sem medo de mudar

Segundo a coach de carreiras Andréa Montrucchio, blogueira da Tribuna, montar uma pequena empresa pode ser uma solução para driblar a crise e o desemprego, desde que o profissional tenha consciência de que o mercado não tem lugar para amadorismo. “Há a necessidade de estudar o mercado, o produto ou serviço que se pretende trabalhar e buscar aperfeiçoamento constante. Muitos empreendedores começaram em casa, na informalidade.

Entretanto, se o empreendedor quer crescer, expandir seu negócio e ganhar credibilidade, aconselhamos oficializar a existência desta empresa como MEI, por exemplo”, recomenda.
Para quem tem dúvidas sobre o caminho a ser seguido, Andréa orienta buscar por um produto ou serviço que resolva um problema de muitas pessoas.

“Qualquer mudança de carreira exige pé no chão, pé de meia e, por que não, gostar, ter afinidade com o que se pretende trabalhar. É preciso ter um planejamento estratégico, ou seja, saber para onde quer ir e como chegar e um planejamento financeiro, saber quanto precisará investir e o tempo de retorno para o negócio. E também, identificar se tem as competências necessárias para o negócio, além da disposição de assumir riscos”, explica a coach.

PASSO A PASSO

Dicas para quem quer mudar de trabalho ou sonha em abrir uma empresa:

– Desenvolva metas e objetivos: Qual é a sua meta? Afirme seu principal objetivo profissional de curto, médio e longo prazo.
– Descubra opções do mercado, produtos e serviços: com maior probabilidade de conter seu futuro ambiente de trabalho ideal. Abrir uma empresa? Voltar ao mercado formal?
– Identifique suas potencialidades e fraquezas: O que gosta de fazer e faz bem? O que precisa desenvolver, ter conhecimento?
– Crie um plano de ação para atingir suas metas e objetivos: O que irá fazer, como irá fazer, com quem e até quando?
– Analise os possíveis obstáculos para atingir suas metas e objetivos: O que lhe impede de seguir em frente? O que pode fazer para eliminar estas dificuldades?
– Estabeleça parâmetros de remuneração: Indique o nível de remuneração que espera receber. Seja realista e inclua outros fatores de remuneração que sejam importantes.
– Retorno: O tempo e o esforço gastos no processo de definição de sua estratégia profissional neste momento de transição terão um retorno benéfico para o resto de sua vida!

Fonte: Coach de carreiras Andréa Montrucchio