Curitiba

R$ 10 mil pra cada!

Escrito por Giselle Ulbrich

Justiça condena Correios a pagar R$ 10 mil pra cada funcionário assaltado em serviço.

Os Correios foram condenados, na última sexta-feira (27), a pagar R$ 10 mil a cada funcionário da empresa que foi assaltando em trabalho, nos últimos cinco anos, nas agências de Curitiba, cidades da região metropolitana e do litoral. A decisão foi proferida pela juíza Christiane Bimbatti Amorim, da 18.ª Vara do Trabalho de Curitiba. Além disto, os Correios também foram condenados a melhorar a segurança em suas agências, colocando portas giratórias detectoras de metal e contratando vigilantes. Nenhum representante dos Correios compareceu à audiência e a empresa foi condenada à revelia, mas já avisou que vai recorrer da decisão.

Esta e outras 11 ações, nas subsedes da empresa no Paraná, foram ajuizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (Sintcom). Além da região de Curitiba, o Sintcom também já conseguiu decisões semelhantes, favoráveis aos trabalhadores, nas regiões de Maringá e Agudos do Sul. Mas, conforme Marcos Rogério Inocêncio, secretário geral do Sinticom, nenhuma delas foi cumprida pela empresa.

Neste processo da Grande Curitiba e litoral, a decisão da juíza Christiane Amorim abrange as cidades de Adrianópolis, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Lapa, Porto Amazonas, Almirante Tamandaré, Araucária, Balsa Nova, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Contenda, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Itaperuçu, Mandirituba, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras, Rio Branco do Sul, São José dos Pinhais, Tunas do Paraná, Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Morretes, Paranaguá, Pontal do Paraná, Agudos do Sul, Campo do Tenente, Piên, Quitandinha, Rio Negro, Tijucas do Sul.

Pânico

Marcos mostra que os trabalhadores estão com medo e precisando ser afastados por causa dos traumas com os crimes, à mão armada e à luz do dia. Foi isto que motivou o sindicato a entrar com as ações, já que circula muito dinheiro dentro das agências, principalmente as que possuem o Banco Postal, que presta alguns serviços bancários como pagamento de aposentados, de INSS, FGTS e recebe contas.

Conforme o Sintcom, em 2016, o número de assaltos aos Bancos Postais no Estado saltou 600% em relação a 2015, com três registros diários, em média. “E já sabemos que 2017 foi muito pior”, adiantou-se o secretário, que aguarda da Polícia Federal o levantamento dos boletins de ocorrência.

Fecharam

Por causa do excesso de assaltos, diz Marcos, as agências das Mercês e a da Avenida Batel fecharam as portas, ano passado. Entre agências que também sofreram com os roubos estão Centro Cívico, Bigorrilho e Hauer (que fica dentro do Shopping Cidade).

“Há agências que foram assaltadas seis vezes um uma única semana. É crescente o número de funcionários vítimas que sofrem com síndrome do pânico, depressão, aumento de pressão arterial e riscos cardíacos e de AVC. E em muitos casos os Correios nem abrem a CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho)”, afirmou o sindicalista.

Situação crítica

Em algumas cidades paranaenses a situação está crítica, mostra o Sintcom. Em Ibiporã, por exemplo, a agência foi assaltada. Por decisão judicial, deveria ter sido fechada, mas ficou mais uma semana aberta, pra não deixar o povo na mão, e foi roubada de novo. Vieram funcionários de fora, para dar apoio, quando novo assalto ocorreu. Os funcionários titulares voltaram e foram assaltados de novo. Foram quatro crimes em dois meses. Mas, diante do perigo, a agência teve que fechar as portas e, segundo o sindicato, tem muita gente reclamando pela falta do serviço. Em Rio negro, a agência foi roubada três vezes. Numa delas, os funcionários foram trancados no banheiro e um deles levou coronhada.

Em Cambira, diz o Sindicato, o Banco Postal já não funciona há pelo menos seis meses. Apenas os serviços de postagem é que estão funcionando. Mesmo assim, a agência continua sendo assaltada pelo menos uma vez por mês. ‘Por isto nós estamos pedindo as portas giratórias e os vigilantes em todas as agências, mesmo as que não têm o Banco Postal. Porque o bandido às vezes nem sabe se lá tem o banco ou não. Assalta do mesmo jeito‘, explica Marcos.

O que dizem os Correios?

A empresa adota diversas medidas para garantir a segurança de seus empregados e clientes nas unidades de atendimento do Banco Postal, como Circuito Fechado de TV (CFTV), alarme, cofre com fechadura de retardo e monitoramento remoto. Também está sendo finalizada a contratação de vigilantes armados.

Por se tratar de questão de segurança pública, os Correios estão em constante interação com os comandos das Polícias Militar e Federal para a intensificação do monitoramento.

A empresa presta assistência médica e acompanhamento psicológico aos profissionais que são vítimas de violência.

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Giselle Ulbrich

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