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Proteger para sobreviver

Escrito por Alex Silveira

Fundo financeiro da Sanepar será destinado a preservação e recuperação de rios e mananciais

O presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Mounir Chaowiche, revelou que a empresa criará um fundo financeiro destinado à preservação de rios e mananciais de 395 municípios atendidos pela companhia no Paraná. A informação foi dada durante entrevista para a Tribuna sobre o projeto Moringa Cheia, que prevê um trabalho de recuperação de todos os rios, nascentes e minas d’água em aproximadamente 2 mil propriedades rurais e cerca de duzentos mananciais. O fundo deve ser instituído até março deste ano.

Chaowiche destaca que as questões envolvendo meio ambiente e preservação das águas têm que ser prioridade. “Nada adianta investir bilhões em infraestrutura se não tivermos a água chegando”, alerta o presidente. “Já no ano passado sinalizamos que haveria o Moringa Cheia e a constituição de um fundo com gestão compartilhada entre representantes de outras instituições.

Agora vamos para ações práticas lá na ponta. O agricultor precisa preservar os rios, mas é preciso incentivo para que eles se disponham a fazer investimentos”, completa Chaowiche, que afirma ainda não ter a definição dos valores que serão disponibilizados.

Entre as ações a serem desenvolvidas pelos agricultores com acesso ao fundo e em dia com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) estão terraceamento, adequação de carreadores, recomposição da vegetação ciliar e cercamentos de áreas em recomposição e de preservação permanentes.

Lixo se acumula ao longo de todo o leito do Rio Iguaçu. Felipe Rosa / Tribuna do Parana
Lixo se acumula ao longo de todo o leito do Rio Iguaçu. Felipe Rosa / Tribuna do Parana

Para a Sanepar, os resultados esperados com as novas ações de sustentabilidade ambiental são a despoluição dos rios, a redução dos custos de tratamento de água, aumento da vida útil de reservatórios e o abatimento da erosão e sedimentação do solo. “É um programa absolutamente simples que procura incentivar os produtores rurais a se adequarem ambientalmente. Já existe uma lei federal que obriga os proprietários a elaborarem um plano de recuperação ambiental e nós almejamos acelerar este trabalho”, explicou Glauco Machado Requião, diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar. “Prevemos de 2 a 4 anos a recomposição acelerada das margens dos rios. Com a implantação deste projeto o Paraná será o primeiro Estado a estar 100% adequado ambientalmente às normas do CAR”, acrescentou.

Rio Iguaçu

Inicialmente, o trabalho deve se concentrar na região do Alto, Médio e Baixo Iguaçu, a mais importante bacia hidrográfica do Paraná, abrangendo 113 cidades, que somam cerca de 4,4 milhões de habitantes. De acordo com Mario Celso Cunha, coordenador do Grupo Gestor de Revitalização do Rio Iguaçu (GGRI), o trabalho inicial será recuperar 30 km do Rio Iguaçu. “O trabalho será feito nas duas margens do rio e vai agregar ao que já foi realizado nestes dois últimos anos”, afirmou.

O trabalho do GGRI é ligado à Sanepar e já desenvolve ações ambientais no Rio Iguaçu desde 2015, antes da formalização do Moringa Cheia. Em janeiro, foi apresentado um balanço do GGRI sobre o que vem sendo feito no Estado. Segundo Mario Celso, entre as principais atividades estão o recolhimento de 500 mil toneladas de lixo, incluindo lixo hospitalar. Mais de 600 pontos de monitoramento de água foram investigados e cadastrados. Foram plantadas mais de 400 mil mudas de árvores nativas. Mais de 3 milhões de alevinos foram colocados no rio junto às Usinas da Copel e foram feitas 340 vistorias em afluentes, lagos, poços artesianos, estradas e barrancos.

Em Curitiba, os trabalhos se concentram no Rio Belém, região do Alto Iguaçu.

Moradores tentam fazer sua parte, mas desrespeito de muitas pessoas é grande. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Parana
Moradores tentam fazer sua parte, mas desrespeito de muitas pessoas é grande. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Parana

Agricultores

Adlan Theurer, 32 anos, agricultor da localidade de Santo Amaro, na cidade da Lapa, explica que sua propriedade corta alguns rios que desaguam no Iguaçu. Ele diz que qualquer programa de financiamento é bastante exigente. “Nenhum financiamento sai se o CAR estiver desatualizado. Tem que fazer tudo certinho, principalmente a questão dos mapas do terreno que devem incluir as áreas de preservação e plantio destacadas. São muitas exigências para saber se o agricultor está preservando sua área, controlando os animais, e o investimento é todo nosso”, diz.
A expectativa com o Moringa Cheia é de que o acesso ao fundo de investimento seja democrático. “Espero que possa chegar para todos. Para mim, será bem-vindo. Há muito o quê fazer nessa questão ambiental e esse tipo de incentivo é fundamental”, conclui o agricultor.

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Alex Silveira

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