Usuários do sistema de transporte público de Curitiba e Região Metropolitana tiveram que se virar para conseguir chegar ao trabalho durante a greve de motoristas e cobradores ocorrida ontem na capital. Quem precisou se locomover, teve que utilizar os serviços dos veículos cadastrados pela Urbs e táxis, ou contar com o transporte fornecido pelos patrões. Apesar de a greve ter paralisado 100% da frota, os usuários afirmaram que não tiveram maiores problemas, já que a greve foi anunciada na semana passada.
A auxiliar de limpeza Gracielle Pereira mora na região do Santa Cândida e trabalha no Centro Cívico. Ela conta que por causa do aviso antecipado de greve, a empresa onde ela trabalha disponibilizou vans para apanhar seus funcionários. “Desta vez deu tempo de todo mundo se organizar e por isso a greve está sendo muito mais tranquila”, conta.
Quando a greve é assim, avisada a toda população, sou plenamente favorável”, completa.
A diarista Salete Santiano também contou com a ajuda do chefe para conseguir chegar ao trabalha o no dia de ontem. Moradora de Colombo, ela contou com a carona do dono da casa onde trabalha para ir e voltar do trabalho durante a greve. “Já na semana passada, quando saiu o anúncio da greve, combinamos que ele me pegaria aqui no Terminal do Santa Cândida e me pagaria o táxi até Colombo”, relata.
Contas atrasadas
Motoristas e cobradores que realizaram a greve no dia de ontem alegam que a situação da categoria está delicada por causa dos salários e benefícios atrasados. Segundo a categoria, o vale e cartão-alimentação estão com os depósitos atrasados “Temos visto colegas que estão com contas em atraso, como parcela de casa e carro. Eu mesmo estou com o aluguel atrasado. A situação está ruim pra todo mundo da classe, enquanto os poderosos ficam se arrastando nesse impasse”, explica Paulo César da Mata, motorista há 15 anos.
Ele ainda afirma que a situação de atrasos já vinha se arrastando desde o ano passado. “Já tivemos parte do 13.° salário atrasados e a falta de repasses para o Sindicato tem acarretado no cancelamento dos planos de saúde da categoria. Quando há atraso por parte do governo, existe um tipo de reação em cadeia que atinge muitos trabalhadores”, reclama.
Chance de uma grana extra
Enquanto motoristas e cobradores realizavam a greve, muita gente aproveitou a situação para conseguir renda extra. É o caso do motorista Dougla Rayzel, que é dono de um micro-ônibus. Depois de realizar o cadastramento, ele conseguiu fazer a linha Santa Cândida-Pinheirinho através da canaleta. “É uma linha grande e por isso, logo de manhã cedo conseguimos pegar muitos passageiros perto das estações-tubo”, conta.
Rayzel afirma que não é a primeira greve em que trabalha e que nessas ocasiões costuma ganhar um dinheiro extra. “É uma situação onde a gente consegue fazer um dinheiro e ainda oferecer um serviço pra quem precisa. E pra gente é bom, pois seria um dia morto de trabalho com ônibus”, explica.
O taxista Antônio Mendes também costuma ganhar mais em dias de greve de transporte público. “É um dia que a gente não consegue atender todos os chamados. O trabalho praticamente dobra e com isso o ganho também é maior. Hoje (ontem), estou desde muito cedo no trecho e não parei um minuto. Em compensação, o trânsito na cidade toda fica péssimo”, ressalta.