Curitiba

Era uma vez

Escrito por Andrea Côrtes

“A história inspira pessoas e transforma a vida delas”, conta, com um belo sorriso no rosto, a apaixonada por leitura e diretora-fundadora do Instituto História Viva, Roseli Bassi.

Nascida em São Paulo e formada em instrumentação cirúrgica, sempre trabalhou no ambiente corporativo quando se mudou para Curitiba há 10 anos e decidiu colocar em prática seu grande sonho de fazer trabalho voluntário em hospitais. “Mas eu estava procurando algo diferente do que já existia. Queria algo com cunho educacional através da leitura, minha grande paixão. Pensava em um projeto que além da humanização hospitalar também criasse contadores de histórias para formar novos leitores”, afirma.

Roseli: Nós somos  um acúmulo de  experiências e eu  acredito em algo maior.  Felicidade para mim é  fazer o que eu faço. Foto: Cicíro Back.
Roseli: Nós somos um acúmulo de experiências e eu acredito em algo maior. Felicidade para mim é fazer o que eu faço. Foto: Cicíro Back.

Em 2005 ela publicou um anúncio: “Seja voluntário e conte histórias”. Cerca de 120 pessoas responderam, dando início ao projeto História Viva. O instituto foi fundado em novembro de 2005 e hoje está sediado no Jardim das Américas. É reconhecido pelo governo como Organização da Sociedade Civil Organizada (Oscip) e está inserido nos projetos de incentivo do Ministério da Cultura. O trabalho do instituto foi destaque da última Tribuna Regional Cajuru.

A iniciativa capacita, treina e gerencia voluntários para se tornarem ouvidores e contadores de histórias em hospitais, asilos e casas de apoio. “Nós somos um acúmulo de experiências e eu acredito em algo maior. Felicidade para mim é fazer o que eu faço”, conta Roseli. Mãe de quatro filhos, um deles adotado, viu o trabalho do instituto crescer e boa parte do dinheiro que tinha era direcionado para manter o trabalho voluntário funcionando. E está dando certo.

Só em Curitiba o instituto tem apoio de 200 voluntários atuantes e mais 160 estão na lista de espera, além das 70 pessoas que vão se formar em março. Novas turmas também vão começar. Esta multidão de colaboradores atua em mais de doze instituições parceiras, entre hospitais, asilos, abrigos e casas de apoio. Mais do que voluntários, essas pessoas se tornam contadores de histórias e compartilham seu tempo com quem precisa de carinho e atenção. “Um dia um idoso chegou para um de nossos voluntários e disse que eles passaram a existir depois do projeto. Isso é maravilhoso”, relata.

Para o futuro, Roseli espera conseguir uma sede própria para o instituto em Curitiba, além de ter uma base nas principais capitais do Brasil e também no exterior. “Outro objetivo é criar um centro cultural comunitário e finalmente colocar no ar o portal do instituto, chamado ‘Ouvir e Contar pelo Mundo’. O projeto já foi aprovado pelo Ministério da Cultura, mas preciso que ele saia do papel e vire realidade, assim pessoas do mundo todo podem compartilhar histórias de vida”, completa Roseli.

Projetos de transformação

O principal objetivo dos projetos desenvolvidos pelo instituto é transformar a realidade de pessoas que estão em condições de sofrimento e dor através do incentivo à leitura e da valorização da história de cada um. “Teve uma vez que contamos a história de um idoso para uma criança de 12 anos. Ela fez um desenho e ainda deu um bicho de pelúcia para ele. E isso que ela também não tinha nada. É emocionante”, relata a diretora.

O instituto trabalha atualmente com três projetos. No História Viva Ouvir e Contar, os voluntários visitam pessoas de idade em asilos para ouvir suas histórias e relatos de vida. Tudo o que ouviram se transforma em histórias infantis, que são contadas para crianças hospitalizadas ou em casas de apoio. Elas, então, desenham as histórias que são entregues aos idosos.

Já no Contadores de Histórias, voluntários se apresentam em hospitais para contar histórias a crianças, jovens, adultos e idosos com o objetivo de levar alegria, diversão e cultura, melhorando o ambiente hospital e incentivando a leitura. Por sua vez, o projeto A Arte de Encantar para Educar é feito em abrigos e casas de apoio e busca contribuir para o desenvolvimento dessas crianças através da contação de histórias.

Seja um multiplicador

“Coloque em ação sua vontade de ajudar porque em algum lugar tem alguém esperando por você”, conta Roseli. Se interessou pelos projetos? Ser voluntário é muito fácil. Basta fazer seu cadastro na página do instituto (www.historiaviva.org.br) e participar do treinamento.

Para manter o instituto, Roseli faz serviços corporativos, como seminários, palestras e treinamentos in company, além da venda de produtos exclusivos para garantir a sustentação financeira da entidade e manter os projetos em andamento. Também existem outras maneiras de ajudar: através da conta de luz (com R$ 1 a R$ 150), doando materiais (como livros de contos infantis e adultos, computadores e materiais de escritório) ou valores (podendo abater parte do valor no Imposto de Renda).

Sobre o autor

Andrea Côrtes

(41) 9683-9504