Curitiba

Bike Amarela

Esposa, marido e dois filhos que se locomovem de bicicleta para todos os lugares – escola, trabalho, passeios, supermercado – usando camisetas berrantes. A Família Bike Amarela atrai olhares por onde passa, e é justamente esse o objetivo. “Escolhemos o amarelo porque é a cor do semáforo que pede atenção”, explica Germano Batistel, 13 anos, o primogênito. Com o chamativo uniforme, eles não passam despercebidos e recebem mais respeito dos motoristas no trânsito.

Elízio, Marinês, Germano e Hernani: objetivo é chamar atenção.  Foto: Felipe Rosa.
Elízio, Marinês, Germano e Hernani: objetivo é chamar atenção.
Foto: Felipe Rosa.

Eles usam a bicicleta como meio de transporte há sete anos. Em 22 de setembro de 2010, participaram do Dia Mundial sem Carro, que representou a virada para que se tornassem ativistas. “Andamos sempre em fila indiana, velocidade constante, sinalizando com as mãos, pela direita da faixa, respeitando o pedestre. Procuramos conscientizar os outros ciclistas. Se estão andando pela canaleta do ônibus, convidamos para se juntar a nós”, conta a mãe, a técnica em higiene bucal Marinês Batistel, 45. Os demais integrantes da trupe são o pai, Elízio Batistel, 54, e o caçula, Hernani Batistel, 10.

Há um ano, a família decidiu juntar outras causas ao cicloativismo. Ao presenciarem um grave acidente de carro e moto, em que o motociclista perdeu muito sangue e veio a falecer, Marinês teve a ideia de engajar a família em campanhas de doação de sangue. “Pensei em mandarmos fazer um camisetão amarelo para vestirmos e informarmos a população sobre os bancos de sangue da cidade”, diz ela.

Várias campanhas
Todos os sábados, a família sai, cada um com sua magrela, e se dirige à Rua XV de Novembro, onde entrega panfletos informativos, estimulando a doação de sangue. Aos poucos, foram surgindo demandas de parentes de pacientes, que pediam que os ciclistas incentivassem também o cadastramento de medula óssea e a doação de plaquetas. Marinês até raspou a cabeça para sensibilizar as pessoas para as causas.

“Muitos perguntam o que nós ganhamos com tudo isso, querem saber qual é o interesse por trás, se temos ambição política. Não é nada disso. É muito gratificante quando alguém nos aborda e conta que doou sangue, ou quando um paciente nos procura para nos abraçar e agradecer por termos feitos campanha para ele”, relata Elízio.

Criatividade não falta para gerar engajamento nas campanhas apoiadas pelos Batistel. Foto: Felipe Rosa.
Criatividade não falta para gerar engajamento nas campanhas apoiadas pelos Batistel. Foto: Felipe Rosa.

Desafios do trânsito

Apesar do visual alegre, a Família Bike Amarela enfrenta duras dificuldades no dia a dia. As agressões verbais dos motoristas são frequentes e já houve até ameaça de morte. “Uma vez, um senhor me fechou e disse para pararmos de atrapalhar o trânsito, senão ele iria passar com o carro por cima de nós”, recorda Marinês. Na escola dos filhos, colegas chegaram a cortar o freio da bicicleta dos meninos. Não é raro que pessoas furem os pneus das bikes.

Elízio conta que eles têm de reunir muita coragem para passar pelas avenidas Silva Jardim e Sete de Setembro, onde é muito comum que motoristas xinguem, joguem o carro em cima e mostrem o dedo do meio. “Está faltando educação e respeito”, diz. Muitas vezes, a família fica chateada e pensa em desistir. “Mas a comunidade do bairro nos defende”, comemora a esposa. A família vive no Xaxim, em uma casa pintada de amarelo. Enfeitando um dos muros, está o desenho de uma bicicleta feito pelos Batistel com 2.400 lacres de latinhas.

Serviço
Família Bike Amarela

Página no Facebook: https://www.facebook.com/bike.amarela/

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Sobre o autor

Luisa Nucada

(41) 9683-9504