Curitiba

Aperta que dá!

Escrito por Magaléa Mazziotti

O tamanho do nome da Rua Tenente Douglas Acácio Benetolo, no bairro Portão, contrasta com a largura dos primeiros 50 metros para quem vem da Avenida Arthur Bernardes. O referido trecho conta com aproximadamente três metros de largura, fazendo com que caminhões de entrega e até de coleta de lixo tenham dificuldade de passar pela via.

rua2A moradora Marilde do Rocio Fialla, 65 anos, há 46 anos vive em uma residência do trecho mais estreito e diz não se incomodar com a largura da rua. “Caminhão de loja que vem entregar móveis e coisas do gênero passa por aqui, só o caminhão de lixo que deixou de entrar na rua”, explica. O marido de Marilde, Miguel Alceu, 69 anos, que desde os cinco anos de idade mora no mesmo endereço, explica em tom de brincadeira que o problema não é falta de espaço. “A habilidade dos motoristas novos é que diminuiu, já que o caminhão passa fácil por aqui”, observa.

Ele diz que chegou ao endereço antes mesmo de ter nome. “Moro aqui desde 1952, quando tudo na região era dividido por chácara com pouco espaço entre as propriedades. Mais tarde foram fazendo lotes e essa rua era de acesso às casas, tanto que só foi ter nome e CEP de uns 20 anos para cá”, explica. “Uns chamavam de ‘beco sem saída’ e outros de Silvestre Kalinoski. Para receber correspondência, escrevíamos o endereço de número 18 da Arthur Bernardes nas casas dos fundos e quem fazia entrega já sabia do que se tratava”, descreve Miguel Alceu.

Essa disposição em se adaptar a rua tem a ver com as inúmeras vantagens elencadas por eles. Como o trecho forma um corredor, arrombamentos e violência não sãos comuns na rua, assim como acidentes de trânsito. “O bandido não consegue fugir com facilidade. Além disso, os motoristas não conseguem dirigir em alta velocidade ou fazer besteiras e isso traz a tranquilidade de um trânsito sem violência”, defende Marilde. “A vida passa em outro ritmo nessa rua, com uma vizinhança de décadas de convivência que sempre se cumprimenta e se ajuda”, filosofa Miguel Alceu.

Outro morador, o tatuador Roberto Louis Pedroso, 36 anos, também diz não se incomodar com a parte estreita da rua. “Cresci aqui e nunca vi problemas”, defende.

Vivendo há dois anos em um sobrado no trecho mais largo da rua Tenente Douglas Acácio Benetolo, o publicitário Alex Vitorino, 36 anos, diz que a principal dificuldade da rua é a recente alteração para sentido único. “Faz umas duas semanas que não dá para sair pela Arthur Bernardes. Isso não deveria ser problema, só que a construtora que está fazendo um condomínio de prédios na rua que deveria ser usada não respeita os moradores e trava a circulação várias vezes ao dia”, reclama.

A obra fica na Rua Capitão Maris de Barros, que seria o caminho para quem precisa sair da Tenente Douglas Acácio Benetolo. “Já fiquei 15 minutos esperando um caminhão descarregar a massa para poder chegar até a minha casa. E estava com meus dois filho pequenos, é um completo desrespeito”, avalia.

Vitorino conta que além da dificuldade em ter o acesso travado em qualquer momento do dia, vários moradores já furaram o pneu do carro com os material que a construtora deixa pela rua, sem o depósito adequado. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba orientou que os moradores precisam procurar o 156 e protocolar a reclamação, para que a Secretaria Municipal de Urbanismo verifique o alvará da obra e as condições de trabalho do empreendimento.

Sobre o autor

Magaléa Mazziotti

(41) 9683-9504