Fazer a democracia acontecer. Na visão da pedagoga e funcionária dos Correios Ivonete Santos, 46 anos, isso compensa todo o esforço de trabalhar nas eleições de forma voluntária para o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) há oito pleitos.

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A primeira vez como voluntária aconteceu nas eleições de 1994, no Colégio Estadual Francisco Zardo. “Eu trabalhava no colégio e aceitei quando perguntaram quem queria ajudar. Só que no dia eu me empolguei tanto que nem vi o horário passar e acabei ficando sem votar, porque a minha seção era em outro colégio”, conta.

De lá para cá, ela seguiu como voluntária do TRE-PR e, há vários pleitos, exerce a função de secretária de prédio do Colégio Estadual 19 de Dezembro, no Centro de Curitiba. Ivonete explica que foi cativada ao constatar que o sistema eleitoral funciona. “Observar a zerésima (comprovante) sair da urna mostrando que não tinha qualquer voto registrado antes da votação e que a máquina é confiável é muito gratificante. Dá orgulho porque é uma invenção brasileira”, explica.

Mais recentemente, na primeira eleição com uso de biometria, ela testemunhou outro momento que reforçou sua convicção no sistema eleitoral. “Uma eleitora não conseguia utilizar a urna e estava devidamente registrada no colégio. Fomos atender o caso, usamos os dez dedos dela, até que ela revelou ter lixado todas as digitais da mão na noite anterior para testar se a leitura da máquina realmente funcionava”, recorda.
A decisão de trazer as sete zonas eleitorais do Colégio Estadual 19 de Dezembro para o andar térreo também tem participação de Ivonete. “Temos muitos eleitores idosos no colégio e a escada acabava complicando a vida dessas pessoas, que não votam mais por obrigação e, sim, porque sabem da importância do voto. Aí resolvemos concentrar todas as seções na parte térrea”.

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Cordialidade

Integrante do Grupo Escoteiro Marechal Cândido Rondon, ela atribui essa disposição toda em trabalhar nas eleições à própria filosofia de vida. “Eu participo de várias atividades voluntárias, porque a vida fica muito vazia sem uma finalidade, sem servir”, defende. E essa sabedoria ela utiliza inclusive na administração de conflitos em disputas mais acirradas como o segundo turno deste ano. “A cortesia desarma os ânimos mais exaltados. Na maioria das vezes eu nem preciso lembrar a quem tenta a ameaçar a tranquilidade dos eleitores, que enquanto  o interesse de cada defensor de candidato é vencer, o meu objetivo é garantir aos eleitores daqui votarem em paz”.

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Com tanto apreço por participar de todo o processo, Ivonete acaba arretando outros voluntários a cada eleição, até porque ela trata bem toda a equipe levando café e pão de queijo para que todos trabalhem mais felizes. “A boa vontade é metade do caminho. Vários mesários daqui continuam como voluntários, porque percebem a diferença que esse trabalho tem para que a democracia aconteça”.