O sorriso largo no rosto de Felipe, 5 anos, entrega a felicidade ao subir no colo do pai. Com paralisia cerebral – sem poder andar ou falar -, ele depende do pai José Eduardo Fernandes e de duas cuidadoras 24 horas por dia. A batalha começou antes mesmo de ele nascer. Durante o oitavo mês de gestação, a mãe começou a sentir fortes dores abdominais. Depois das consultas, o diagnóstico da médica era sempre o mesmo: cólicas gestacionais.

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Foto: Felipe Rosa

Infelizmente, a profissional estava errada. As dores precederam um sangramento excessivo e repentino. O susto fez o marido ir às pressas até um hospital. Depois de insistir por atendimento, conseguiu que a esposa passasse pelo exame de ultrassom e, em seguida, fosse levada à sala de pré-parto – ainda sem qualquer constatação de irregularidade. Os médicos tinham como objetivo inibir o nascimento naquele momento “devido à prematuridade”. Só que, horas depois, o pai foi informado que a equipe médica iniciaria o procedimento para retirada do bebê, sem explicar a mudança de ideia.

Acompanhando o parto, Eduardo se assustou ao ver que o pequeno estava roxo e precisou ser encaminhado para a UTI – a perda de líquidos da mãe fez com que Felipe tivesse hemorragia cerebral. “Dentro do útero ele se debateu e o cordão umbilical também acabou pegando no pescoço dele”, lembra o pai, segurando a mão do filho, que se alimenta por uma sonda enquanto mantém o olhar atento.

“Na maternidade, me disseram que ele possivelmente iria morrer. Se sobrevivesse, não iria andar, falar ou fazer qualquer coisa. Foi ali que meu sonho foi por água abaixo. Minha esposa, já debilitada, ouviu a notícia em silêncio e assim permaneceu”.

Dali, Felipe foi levado a um hospital e a mãe, a outro. Esgotada e não reagindo às transfusões de sangue, ela faleceu cinco dias depois.

Na Justiça

Família processou a maternidade por erro médico. Foto: Felipe Rosa
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A família processou a maternidade por erro médico, já que deveria ter realizado o parto antes e identificado a origem da hemorragia da mãe, assim como ter arranjado uma UTI ao primeiro sinal de problema de saúde. Um processo, movido por Eduardo, tramita na Justiça e pleiteia o custeio de todo o tratamento de Felipe, incluindo o salário das cuidadoras, os equipamentos e todos os outros gastos já tidos desde o nascimento, além de uma pensão vitalícia para o filho. O último cálculo feito pelo pai, há alguns meses, apontou que ele já havia desembolsado mais de R$ 70 mil.

Por enquanto, uma decisão liminar – expedida no ano passado, obriga a maternidade a pagar, mensalmente, um valor correspondente a 2/3 do salário que a mãe recebia. Segundo o pai de Felipe, o hospital chegou a atrasar o depósito por sete meses, mas a situação agora está normalizada. “Eu brinco que o Felipe usa este salário recebido para pagar as duas cuidadoras”, fala.

Quando o pai nasce

Foto: Felipe Rosa
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Com as forças voltadas para o filho, Eduardo ouviu dos médicos que Felipe ficaria até um ano na Unidade de Terapia Intensiva. “Fiquei os primeiros vinte dias sem poder tocá-lo, vendo ele ficar entre a vida e a morte. Isso porque me alertaram que ele poderia ficar nervoso e o quadro acabar agravado. A enfermeira, que me via todos os dias olhando para o Felipe, perguntou se eu queria pegá-lo no colo, num domingo à noite. Eu nunca havia segurado um bebê. Na hora que eu fiz isso, percebi que ali nascia o ‘Eduardo pai’. Foi quando começou toda a nossa reação. Coincidentemente depois daquilo ele começou a abrir o olho”, lembra, chorando com um sorriso estampado. “Hoje em dia eu choro pouco, já chorei demais nessa vida”, brinca.

Com uma melhora no quadro clínico, Felipe deixou o hospital depois de 40 dias e foi para casa pela primeira vez. A despedida não significou menos cuidados para ele. Hoje, se alimentando por sonda, precisa de supervisão, fisioterapia e, em breve, irá para a escola. Para se dedicar mais, Eduardo chegou a pedir demissão do emprego. Apesar de estar mais perto do filho, viu as contas baterem à porta e teve de voltar ao mercado de trabalho. No anseio por uma babá capaz de manter todos os cuidados necessários, encontrou alguém que hoje se tornou parte da família. A cuidadora, tímida, prefere não dar entrevista, mas sorri e se emociona junto com Eduardo a cada etapa relembrada.

Solidariedade

Desde que Felipe nasceu, Eduardo vem recebendo ajuda, mas as contas são altas… “ele precisa de tratamento diário, se alimenta com um leite especial, depende de remédios caros, sem falar nos equipamentos, cadeira de rodas, eretor… Por isso, tive a ideia de fazer uma rifa de uma cesta de cosméticos e produtos de beleza – em dois dias, compraram cem números. Consegui arrecadar um dinheiro e, para minha surpresa, a vencedora devolveu a cesta e pediu para que eu fizesse outra rifa. Fiquei sem palavras”. “A luz do Felipe faz isso. Quando ele mais precisa de alguma coisa, aparece alguém oferecendo apoio, parece que adivinham. Eu aprendi a aceitar ajuda”, comenta o pai.

NECESSIDADES

Eduardo precisa de ajuda para criar Felipe. Foto: Felipe Rosa

– As despesas com as duas cuidadoras giram em torno de R$ 4 mil mensais.
– Os itens de maior necessidade neste momento são:

1) Cadeira de rodas com adaptações para paralisia cerebral: R$ 5 mil
2) Eretor: R$ 900*
3) Colete especial: R$ 1,5 mil*
4) Aplicações semestrais de botox, para diminuir a salivação de Felipe e, assim, evitar que ele se afogue ou até mesmo tenha uma pneumonia: R$ 2,5 mil cada aplicação (R$ 1,8 mil com médico e R$ 700 com instrumentação)

* Tanto o eretor quanto o colete servem para manter o Felipe em pé e evitar uma complicação na luxação que ele já possui no quadril. Em caso de piora, o problema só poderá ser resolvido com intervenção cirúrgica

Doações:

Eduardo – (41) 9519-2458

Banco Itaú
Agência 8616
Conta-corrente 23115-8
Felipe Oliveira Fernandes
CPF 099.920.949-31