Quatro dias sem água e sem explicação. Este é o problema que os moradores e comerciantes da divisa dos bairros Rio Verde e Campo Pequeno, em Colombo, estão passando. Se o problema fosse só não lavar roupa ou limpar a casa, até dava para esperar mais um dia. Mas não está dando para cozinhar, tomar banho ou apertar a descarga. Até mesmo o Corpo de Bombeiros, se precisar atender algum incêndio na região, não poderá contar com o único hidrante da redondeza, porque o equipamento também está seco.

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O problema está concentrado nas Ruas Bahia (próximo à Igreja Nossa Senhora da Penha), da Pedreira e Achilles Stenghel Colle, entre outras ruas ao redor. Um morador calculou que pode haver até 300 imóveis, de moradores e comerciantes, sem água. O comerciante Othoniel Anderson de Souza, 48 anos, tem um lava-car na Rua da Pedreira. Há dois dias ele está com um aviso no portão informando os clientes que está fechado por falta de água. “Já deixei de lucrar uns R$ 600, ou até mais. Na segunda-feira, acabou a água à tarde. Mas consegui trabalhar o resto do dia com o que tinha na caixa d‘água. Mas de terça para cá, não consigo trabalhar”, lamenta ele, que lava uma média de 10 carros por dia, durante a semana, e de 20 a 30 nos sábados.

Othoniel telefonou à Sanepar quarta-feira e foi informado que a água voltaria às 15h do dia seguinte. Ontem, no fim do dia, a nova promessa era o retorno do abastecimento às 5h desta sexta-feira. Mas nem ele, nem os vizinhos, conseguiram uma explicação do porquê as torneiras estão vazias há tantos dias. “Minha semana eu já perdi. O jeito é rezar que a água volte logo e que o movimento no final de semana seja muito bom, pra recuperar o prejuízo”, diz.

Foto: Átila Alberti

Dignidade

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“Está todo mundo meio nervoso dentro de casa, porque não tem banho, não tem comida decente, a casa está cheirando mal porque não dá pra apertar a descarga”, reclama a diarista Juciane Soares da Silva, 37 anos. Ela só conseguiu dar algumas descargas até ontem, porque estava usando a água da máquina de lavar, que estava com roupas de molho. Mas a água já acabou e a roupa continua ensaboada e molhada na máquina.

Ela conta que seus filhos não gostam muito de lanche no almoço e no jantar. Mas não teve outra alternativa nos últimos dias a não ser comprar lanches prontos ou pão e refrigerante. “Hoje eu não pude ir trabalhar. Tem uma moça que vem cuidar do meu filho menor enquanto trabalho. Mas eu sempre deixo almoço pronto pros dois. Só que como hoje não tinha como fazer comida, fiquei em casa pra arranjar alguém que pudesse me ceder almoço e banho pra ele. Consegui com uma amiga. Mas perdi de ganhar uma diária de trabalho”, reclama ela. O marido, pelo menos, conseguiu tomar banho no trabalho, quarta-feira.

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A dona de casa Lislaine de Castro, 29 anos, também está nervosa com a bagunça dentro de casa. A louça está acumulada na pia e o seu bebê de um ano está sendo alimentado à base de marmita, porque ela não tem como fazer uma comida adequada à criança. O banho, eles estão indo na casa de um parente e a descarga está sendo dada de balde, com a água que coletou na máquina de lavar.

O que diz a Sanepar

“A respeito da situação do abastecimento em Colombo, a Sanepar informa que realizou, nos últimos dois dias, uma manutenção programada de grande porte.
 Na manhã desta sexta-feira (22), o fornecimento de água, bem como as medições de pressão e vazão já estavam normalizadas no Reservatório Guarani,  que abastece a localidade. O retorno à normalidade do abastecimento é gradual e para algumas regiões, especialmente as mais altas e mais distantes do Reservatório, pode demorar mais.
 A equipe operacional da Sanepar realizou procedimentos nesta sexta-feira (22) para acelerar a retomada no abastecimento nesses locais, com previsão de normalização para esta madrugada.
 De toda forma, os clientes devem comunicar suas situações específicas de desabastecimento para o Serviço de Atendimento ao Cliente Sanepar, pelo telefone 0800 200 0115, que funciona 24 horas. Ao ligar, é importante que o cliente tenha em mãos a conta de água ou o número de matrícula.”

 

Uma década de ‘seca’