CIC

Sufocados pelo vizinho

Escrito por Magaléa Mazziotti

Não tem dia, nem hora certos para que de repente um cheiro ruim, por vezes sufocante, que remete a piche e pneu queimado tome conta das ruas ao redor de uma fábrica de asfaltos localizada na Rua João Bettega, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), nos limites com o bairro Fazendinha. A empresa está instalada há 45 anos no endereço e os moradores afirmam que há pelo menos três anos procuram os órgãos ambientais para tomarem uma providência sobre a emissão, mas até agora todas as tentativas foram frustradas.

Rafael: doença da mãe agravada. Foto: Marco Andre LimaO auxiliar de produção Rafael Stein Jendick, 31 anos, que há 15 anos mora na Rua Sezinando Martinho da Cruz, no bairro Fazendinha, diz que a mãe dele, de 52 anos, é a que mais sofre com as emissões da fábrica. “Ela tem problemas respiratórios e quando esse cheiro invade a rua, corremos para trancar todas as janelas, porque ela sente ainda mais esse desconforto”, explica. Rafael explica que o cheiro surge de vez em quando e a intensidade varia conforme as condições climáticas e a direção do vento.

No caso da moradora Dolly Maria Pimentel Monteiro, 22 anos, que reside ao lado da fábrica, na esquina com a Rua Fernando de Souza Costa, a sensação ruim é ainda mais grave. “Tem vezes que engasgo quando o cheiro vem”, revela. A prima dela, Larissa Pimentel Monteiro da Costa, 25 anos, que visita o endereço frequentemente diz que não é raro estar na casa de Dolly e inalar esses “detritos”. “A sensação é de sufocamento”, resume.

Procurada pela reportagem, a empresa CBB Asfaltos esclareceu que dispões de todas as licenças ambientais e é fiscalizada periodicamente pelo órgãos competentes. Informação esse confirmada tanto pelas assessorias da Vigilância Sanitária, quanto pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA). Tanto a empresa quanto os órgãos responsáveis por fiscalizar a atividade também lembraram que a CBB Asfaltos está localizada na CIC, ou seja, no distrito industrial de Curitiba e que possui uma legislação própria, que até o momento está sendo respeitada pela fábrica. De qualquer forma, a SMMA disse que técnicos irão vistoriar a região na próxima semana.
Dolly e Larissa dizem que chegam a engasgar por causa do fedor. Foto: Marco Andre LimaO consultor ambiental da CBB Asfaltos, André Nagalli, explica que a empresa não recebeu qualquer reclamação dos moradores e que periodicamente realiza monitoramento das atividades e investe na melhoria dos processos. “Nessa unidade são produzidos asfaltos especiais, inclusive ecológicos e é uma política da empresa ter uma boa relação com a comunidade do entorno. Tanto que recentemente a fábrica doou o material para a pavimentação da Rua Fernando de Souza Costa”.

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– O que fazer para conviver em um ambiente como produção industrial?

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Magaléa Mazziotti

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