CIC Curitiba

Pior que sardinha

Escrito por Magaléa Mazziotti

“Tenho inveja da sardinha, já que na lata ainda sobra espaço para o líquido”. A declaração é do vigilante Paulo Roberto Siqueira do Couto, 42 anos, que diariamente tem sua paciência e outras habilidades, como a de se encaixar em pequenas lacunas entre as pessoas que tomam a linha Curitiba-Araucária no tubo localizado no terminal da CIC, na Rua Pedro Gusso. O terminal registra quase 60 mil passageiros em dias úteis, que cruzam uma área construída de 6,2 mil metros quadrados, por onde passam vinte linhas de ônibus.

Espaço é pequeno pra receber 20 linhas de ônibus e quase 60 mil passageiros todos os dias. Foto: Giuliano Gomes
Espaço é pequeno pra receber 20 linhas de ônibus e quase 60 mil passageiros todos os dias. Foto: Giuliano Gomes

Além de todo o desconforto que o vigilante e milhares de usuários do terminal enfrentam dia após dia ao se deslocarem, principalmente a partir das 16h, os passageiros também tem que driblar a falta de segurança. A situação foi mostrada na última edição da Tribuna Regional CIC, que começou a ser distribuída no último sábado. “Ontem mesmo eu gritei na hora que vi um aproveitador enfiando a mão na bolsa de uma moça aqui no tubo, que estava lotado”, afirma Paulo. “O pessoal cansa de perder celular e carteira durante essa aglomeração”, relata outro passageiro, o mecânico Amilton Serafim Ferreira, 29. Ele comenta que quase foi vítima. “Dois rapazes tentaram arrancar a minha corrente”.
A auxiliar de cozinha de cozinha, Lucélia Santos, 37, afirma que para evitar tanto aperto, ela acaba deixando passar vários ônibus. “Saio cedo do trabalho, mas já fiquei mais de uma hora para pegar um ônibus mais vazio. Isso é muito ruim, ainda mais depois de trabalhar o dia todo”, reclama.

fala_CICUsuária da linha Interbairros, a empregada doméstica Adriana Borges, 26, confirma a sensação de insegurança. “Levaram a bolsa de uma amiga na semana passada, por isso que sempre ando com a minha na frente e protegida com o meu braço”, explica.
Essa insegurança se estende para os permissionários do terminal, que afirmam sofrer com assaltos constantes. E a falta de espaço também compromete o trabalho dos motoristas das 17 linhas que passam pelo terminal. Um motorista que não quis ser identificado explica que não há espaço para estacionar ao mesmo tempo as linhas Carbomafra e Bosch. “Se saímos antes do horário somos multados, só que ficar gera um transtorno danado”, desabafa.

Nas mãos da Caixa

A assessoria de imprensa da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) explicou que existe um projeto de ampliação do terminal, que foi elaborado pelo Ippuc, e pretende ampliar para 9 mil metros quadrados a área construída do terminal, utilizando espaços como o que hoje é ocupado pelo estacionamento. Os recursos são do PAC 2 da Mobilidade e o anteprojeto aguarda análise da Caixa para entrar na fase de execução. Quanto à falta de segurança, a Urbs explicou que compete à polícia garantir segurança aos cidadãos.

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Magaléa Mazziotti

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