CIC

Perto da cidadania

 

Após quase 30 anos de espera, os moradores da Vila Venízia, na CIC, estão mais próximos de realizar o sonho de ter seu terreno regularizado pela prefeitura. Por enquanto, 88 das 575 famílias que moram no local devem receber da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) as escrituras dos terrenos onde estão instalados desde 1988.

Moradores devem receber escrituras depois de 30 anos. Foto: Gerson Klaina.
Moradores devem receber escrituras depois de 30 anos. Foto: Gerson Klaina.

A notícia foi recebida com misto de expectativa e incerteza pelas famílias. “Ainda temos um pouco de dúvida, vamos tentar confiar e ver se realmente vão dar o título para a gente, porque já falaram muita coisa”, afirma a líder comunitária Venízia Wergtz Borges, 62, moradora desde 1989. A ocupação leva seu nome pela luta que ela travou em prol da comunidade. Venízia conta que as conversas sobre a regularização se estendem há anos.

Dignidade

Desde que ocuparam o terreno às margens do Contorno Sul, os moradores conquistaram diversas melhorias para o antigo banhado, como rede de água e esgoto, luz e asfalto, mas falta ainda o documento que garante a eles a segurança de poder permanecer ali. “Nós queremos a regularização, queremos pagar o IPTU, ser digno, ser cidadão”, reforça Venízia, que junto com as demais famílias passou por diversas dificuldades no local.

Venízia brigou pela comunidade. Foto: Gerson Klaina.
Venízia brigou pela comunidade. Foto: Gerson Klaina.

O processo de regularização ainda está em andamento. Antes da entrega do documento, as famílias irão se reunir com os técnicos da Cohab para entregar a documentação necessária para a elaboração das escrituras.

Todos na expectativa

“Vai dar mais segurança para a gente. Moro há 25 anos aqui e sempre fico na dúvida se vão vir e derrubar tudo”, comenta o pedreiro Osni Severino, 44, que aguarda pela regularização. Ele afirma que não se opõe a pagar impostos. “Com o IPTU fica melhor pra nós e também pro município, é mais dinheiro que entra. A gente paga o que tiver que pagar, esse não é o problema”, garante.

Moradoras desde o primeiro dia da invasão, a dona de casa Maria José Barreira Vieira, 76, e a auxiliar de enfermagem Iolanda Nicolau de Oliveira, 56, também estão ansiosas pelo recebimento das escrituras. Com o documento em mãos, Maria José pretende melhorar sua casa, ainda não totalmente recuperada após a enchente de junho do ano passado. “Tudo o que eu conquistei está aqui. Quero ter o meu cantinho”, diz Iolanda.

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Sobre o autor

Carolina Gabardo Belo

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