Frequentadores do Passeio Público, parque mais antigo de Curitiba – fundado em 1887 -, estão assustados com a intensa ação de prostitutas e usuários de drogas dentro e nas redondezas do local. Segundo quem passa diariamente pela região, mesmo com presença da Polícia Militar, que atua em um posto avançado dentro do parque, e da Guarda Municipal, cuja sede fica em frente ao espaço, essas atividades, que ocorrem há décadas na área, tomaram grandes proporções e afastam turistas e novos usuários.

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De acordo com relatos obtidos pela reportagem, as prostitutas atuam durante todo o período em que o Passeio Público fica aberto, das 6h às 20h, e a ação das garotas de programa gera constrangimento entre os frequentadores. Um aposentado, que mora no Centro há 40 anos e realiza caminhadas no parque há pelo menos 20, conta que nos últimos meses a situação ficou mais complicada. “As prostitutas abordam qualquer um e em qualquer horário sem a menor cerimônia. Elas chegam e já intimam para um programa em hotelzinho ali perto. E não importa se você frequenta todo o dia o parque. Elas se oferecem mesmo, muitas vezes na frente de mulheres com crianças, estudantes e famílias inteiras. E até na frente da PM”, ressalta o idoso, que preferiu não ser identificado.

O local citado pelo frequentador está localizada na Rua Presidente Carlos Cavalcante. Trata-se de uma construção antiga onde não há qualquer indicação de existência de um hotel. No entanto, a reportagem flagrou um movimento intenso de prostitutas e clientes durante todo o dia. “Elas fazem ponto aqui e dentro e nas redondezas, e depois levam os homens pra esse lugar”, completa o aposentado.

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Um jovem de 21 anos, que trabalha nas redondezas do Passeio, contou à reportagem que brigas entre as prostitutas por disputa de espaço não são raras de ser testemunhadas por frequentadores do local. “De vez em quando estou passando por aqui e vejo elas se xingando e até se agredindo por causa de ponto de prostituição. Se uma fica no lugar de outra em determinado local, o pau come mesmo e só termina depois que outras prostitutas chegam para separar”, conta o rapaz, que também preferiu não ter a identidade revelada.

O técnico em computação Flávio Souza trabalha no centro e conta que desistiu de levar a família ao Passeio Público por causa da prostituição no local. “Se tornou um negócio normal e ninguém faz nada. Eu cansei de passar pelo Passeio durante a semana e ser abordado pelas prostituas. E se você nega, elas até xingam. É brincadeira. Por isso que eu não trago mais minha mulher e meu filho aqui. Nem nos finais de semana elas saem daqui”, desabafou.

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Drogas

Segundo quem frequenta o Passeio Público, o consumo de drogas dentro do parque também está afastando antigos e novos usuários do espaço. A cabeleireira Regina Santos de Paula, que mora e trabalha nas proximidades do parque, muitos jovens vão ao local usar entorpecentes nos pontos mais calmos do Passeio. “Durante a tarde é pior. É fácil você observar grupos de jovens em pontos com bastante vegetação fumando maconha. Nunca me abordaram ou me fizeram sentir medo, mas a gente sabe que onde há droga há outros perigos e nunca sabemos o que um usuário de droga pode fazer”, afirma.

Outro aposentado frequentador do Passeio disse a reportagem que já viu usuários de crack no parque. “Pela tarde, eles vão para as partes vazias do parque ou atrás da pedras para fumar crack. Já observei várias vezes e o mais impressionante é que aqui dentro tem um posto da polícia e lá na esquina é a sede da Guarda Municipal. Nada muda”, lamenta o idoso, não revelou seu nome por medo de represálias por parte dos usuários de droga.

Polícia não pode reprimir

De acordo com a Guarda Municipal (GM), as ações da corporação na região do Passeio Público serão intensificadas para combater os crimes que cercam a prostituição. “Não podemos prender uma mulher por simplesmente se prostituir, mas o ato de exploração da prostituição, uso e tráfico de drogas tem de ser combatidos. Vamos aumentar as rondas na região para evitar qualquer tipo de crime na região do Passeio Público”, disse o Inspetor Cláudio Frederico de Carvalho, diretor da GM.

Em nota a Polícia Militar, responsável pelo Núcleo de Atendimento ao Cidadão localizado dentro do Passeio Público, justifica que prostituição não é mais tratado como crime. Não pode prender ninguém pelo ato de prostituição, não pode mandar tirar dali. No entanto, se o comércio do sexo estiver aliado a outra coisa, por exemplo tráfico de drogas, aí sim a PM pode retirar. A PM defende que cabe à prefeitura intervir, já que é uma questão de ação social. E diz também que é um ponto de responsabilidade da Guarda Municipal, por ser um espaço municipal.