Cajuru

Craque de amizade

O baú de histórias do aposentado Rubens Zanotto, 79 anos, conhecido desde a infância pelo apelido Peru, parece inesgotável, quando ele rememora os tempos em que dividia a rotina de funcionário das Oficinas da Rede Viação Paraná e Santa Catarina (RVPSC) e zagueiro da Associação Recreativa Ferroviária. Dentre as relíquias guardadas daquela época, a faixa de campeão e a foto de um lance majestoso em que Peru cabeceia a bola em uma impressionante impulsão dividem espaço com um dos prêmios mais apreciados por ele, a Chuteira de Prata que ele recebeu em 1962 da Tribuna e será herdada pelo neto.

Faixa, foto e prêmios foram frutos da atuação da A.R. Ferroviária no Campeonato do Sesi de 1961, que teve a final dos dois turnos em dois jogos disputados contra o time da Malas Ika em 1962 (dias 24 de fevereiro e 3 de março, no Estádio Manoel Aranha, o Campo do Poty, hoje Praça 29 de março). O brilhante desempenho do time baniu a participação da A.R. Ferroviária nos campeonatos seguintes. “Tivemos apenas uma derrota e nenhum empate em todo o campeonato, mas isso fez com que não deixassem o nosso time participar mais”, lembra.

 

Foto: Gerson Klaina.
Peru recebeu a Chuteira Prateada em 1962 da Tribuna. Foto: Gerson Klaina.

Isso não encerrou a trajetória de Peru no futebol e nem da Ferroviária, que disputou diversos amistosos. “Tinha comércio que me chamava para jogar para eles e em troca vinha de tudo. Certa vez joguei para o pessoal do Mercado Municipal e toda semana trazia para casa uma cesta lotada de frutas e verduras”, conta. Uma vez, ficou sem comer por causa do futebol. “Fomos de litorina jogar contra o Frigorífico Wilson, mas no meio do caminho a locomotiva estragou, só que no nosso time não falta gente para consertar e conseguimos chegar ao jogo. O problema foi ter que deixar de comer o churrasco que estavam fazendo para não passar mal durante a partida”.

Riqueza da vida

Com o rosto já vermelho de tanto falar, razão do apelido, o Peru das Oficinas defende que a riqueza da vida está justamente nas amizades cultivadas. “Do futebol ou do trabalho na Rede, que foi o meu único emprego de toda a vida, o mais importante desses anos todos foram as amizades. Acho que fui um bom chefe, porque vira e mexe alguém me liga para saber como vão as penas do Peru”, brinca. Ele também destaca a importância do amigo Nelson. “Somos amigos há 63 anos, nos conhecemos antes de eu casar e passamos por muitas coisas. É a amizade que dá sentido para tudo que se faz na vida”.

Há alguns anos, ele se mudou com a família para uma casa na Rua Reinaldo Thá, no Cajuru, e trouxe para lá a costumeira capacidade de cativar a todos. O resultado é facilmente constatado assim que ele aparece na frente de casa, pois sempre tem alguém fazendo uma saudação ao morador ilustre.

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Sobre o autor

Magaléa Mazziotti

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