O mundo inteiro dentro de um espaço de quatro metros quadrados. A barraca onde funciona o Sebo Cidadania, na feira fixa do Terminal do Carmo, ao lado da igreja, abriga um universo cheio de histórias que despertam a curiosidade de quem passa pelo local. Os diversos livros, da literatura brasileira e universal, as revistas e manuais de artesanato, as coleções de discos, as moedas e cédulas, os selos e as antiguidades são apenas pano de fundo para a cultura que pode ser acessada através das conversas que estes objetos ocasionam.
Segundo Luiz Carlos Baduy, que criou o Sebo Cidadania há cinco anos, as principais características que seus clientes têm em comum são a curiosidade e o interesse pela história. “O que mais vendo são os livros de escritores brasileiros, de autoajuda e os espíritas. Entretanto, minha paixão mesmo são as moedas e cédulas antigas e os selos. Muita gente chega aqui por outro motivo e acaba se interessando por estes artigos. São verdadeiros contadores de histórias”, define.
Baduy virou um verdadeiro doutor em numismática, a ciência que estuda cédulas e moedas. Possui dinheiro antigo de 121 países diferentes e selos de 56 nações, que são muito procurados por colecionadores. Exibe em seu catálogo desde moedas comemorativas no tempo da República Velha, até cédulas raras do antigo marco alemão da época da Segunda Guerra Mundial. “Essa moeda aqui”, diz ele, dando risada e segurando um pequeno pedaço de metal cunhado com número 10 e a suástica nazista, “já esteve no bolso de Hitler. Aquele moedor de milho ali, já fez quirera para o Dom Pedro II comer”.
É nesse clima de brincadeira, sempre com ar nostálgico, que Baduy para e é parado por quem passa. “A pessoa chega procurando um livro ou uma moeda do ano em que nasceu. Depois a conversa toma diversos rumos. Sou uma pessoa muito ligada à cultura e a leitura. Participo de projetos sociais e também levo meus artigos para expor em encontros de motociclistas, mas é aqui na barraca onde as trocas mais importantes acontecem”.
Desde que ganhou seu primeiro lote de livros, que vieram da biblioteca de um tio falecido quando Baduy tinha 15 anos, ele entendeu que queria se envolver com cultura. Foi mecânico, cozinheiro, soldado, punk na época do Fanzine (revistas artesanais muito populares nos anos 80), baterista de bandas de rock, e acredita que todos estes mundos, além de muitos outros, podem estar presentes ali, nas histórias que surgem a partir dos objetos da sua barraca de antiguidades.
Serviço
A feira da Rua da Cidadania da Regional Boqueirão, dentro do Terminal do Carmo, existe há 10 anos e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. É possível encontrar materiais de artesanato, roupas, utilidades para casa e lembranças de Curitiba. O local oferece estacionamento próprio.