Bacacheri

Críticos, mas fiéis

Escrito por Magaléa Mazziotti

O Parque Bacacheri é um endereço de contrastes. Enquanto durante a semana, os frequentadores utilizam o espaço com tranquilidade, nos finais de semana, principalmente em domingos de sol, o local lota com um público, por vezes, bastante barulhento. Isso gera insatisfação, porque a infraestrutura não dá conta de tanta gente, como mostramos na última Tribuna Regional Boa Vista.

Neli: você só é bem tratado e minha rede de amigos só aumenta. Foto: Gerson Klaina.
Neli: você só é bem tratado e minha rede de amigos só aumenta. Foto: Gerson Klaina.

Para o aposentado Antônio Bonfini Oliveira, 73 anos, que há dez mantém uma rotina diária de visitas, acompanhado de 20 amigos, o parque possui aspectos extremamente positivos, como as frequentes roçadas e refletores que garantem boa iluminação. Porém, ele chia do número de banheiros insuficiente para a quantidade de frequentadores e o mau cheiro do lago. “Adoramos esse lugar, mas as filas de mulheres esperando para usar o único banheiro do parque demonstram que ele precisa de uma infraestrutura capaz de garantir mais conforto à população”.

O horário restrito de funcionamento, das 6h às 22h, continua gerando polêmica. “Muitos moradores desciam do ônibus à noite e atravessavam pelo parque, que tem boa iluminação, mas com o limite de horário, tem gente que precisa dar a volta por uma rua escura”, comenta Antônio. Outra frequentadora, que não quis ser identificada, reclama que falta fiscalização nos finais de semana para som alto e baderna. “Tenho um filho pequeno, mas evito os finais de semana porque o ambiente fica sujo e inseguro”.

João: sou a prova de que a cana só faz bem para a saúde. Foto: Gerson Klaina.
João: sou a prova de que a cana só faz bem para a saúde. Foto: Gerson Klaina.

Fedor e aperto

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e a Urbs estudam uma concessão para manutenção e limpeza de banheiros públicos em locais com grande concentração de pessoas. A contratação de banheiros químicos, no entanto, está descartada em virtude da necessidade de redução das despesas.

A SMMA esclarece que o mau cheiro é ocasionado pela proliferação de algas, que aumentam durante o verão, retornando ao volume inferior nas épocas frias. Já a explicação para o horário de abertura e fechamento é que atende reivindicações da própria comunidade, conforme registro da central de atendimento 156. Quanto à fiscalização, a Secretaria Municipal de Defesa Civil ressalta que o parque conta com módulo físico da Guarda Municipal e que rondas são feitas a pé e de bicicleta.

Além da pista de caminhada, parque tem local para a prática de exercícios. Foto: Gerson Klaina.
Além da pista de caminhada, parque tem local para a prática de exercícios. Foto: Gerson Klaina.

Guinada profissional

O Parque Bacacheri concentra pessoas que esbanjam criatividade para defender o pão nosso de cada dia. A publicitária Neli Gomes, 48 anos, rouba a cena todas as manhãs acompanhando cachorros da raça Terra Nova. Desde 2012, deu uma guinada profissional e passou a prestar serviços de “dog walker” e “pet sitter” pela cidade. A mudança veio após sair de uma agência. “Tinha vindo de São Paulo para assumir uma vaga daqui e, depois de um ano, fui dispensada. Como sempre amei cachorros resolvi apostar em um curso de auxiliar veterinário, a fim de me capacitar para o meu próprio negócio e deu muito certo. Acordo feliz para trabalhar”.

Assumiu o codinome Neli Pet Care, que além dos serviços de caminhadas com os cães e companhia, também dispõe do táxi dog. O marido dela oferece transporte para quem não tem tempo de buscar o pet na creche ou do veterinário. Em menos de três anos de serviços, Neli já tem 60 clientes. A satisfação é tão grande que ela nem se importa de não ter feriados e final de semana. “Diferentes de outras profissões, aqui você só é bem tratado ao prestar o serviço e minha rede de amigos só aumenta”, explica.

Primeiro garapeiro

Mesmo estando a frente de uma atividade comum de se encontrar em parques e praças da cidade, o vendedor de caldo de cana João Ludugro Ferreira, 71 anos, orgulha-se em avisar que é “o primeiro garapeiro de Curitiba” e responsável por projetar oito modelos de máquinas para produzir caldo de cana. “Desde a moenda antiga até a máquina que tenho aqui fui aprimorando o projeto, todo ele em aço inoxidável, que um torneiro mecânico confeccionou seguindo os meus desenhos, pois só quem mexe com cana para saber o que é necessário conter na engenhoca”, diz. Ele comenta que o seu modelo serviu para outras máquinas, mas nunca se preocupou em patentear a invenção.

Trabalhando há 40 anos como ambulante de uma único produto, o pernambucano de Araripina é um defensor da bebida. “Nunca engordei uma grama e olha que tomo pelo menos quatro copos por dia. A cana é um produto natural que dá energia e disposição, sou a prova de que ela só faz bem para a saúde”, explica. Avesso a misturas, as opções que João oferece são com ou sem limão. Em domingos de sol, ele vende cerca de 500 copos. “Estou para ver povo que goste de caldo de cana mais do que o curitibano”, constata.

Foi tanque

Quem observa o belo recorte da natureza que deu origem ao Parque Bacacheri até desconfia que em 1970 o lugar era conhecido como “Tanque do Bacacheri”, formado pelo rio de mesmo nome. Naquela época, o local já era destinado à recreação, tanto que barcos a remos para passeios eram alugados até o espaço ser assoreado e, depois, desativado. O local só foi transformado em parque em 1988 e passou a contar com um lago de 22 mil metros quadrados, alimentado por uma fonte.

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Sobre o autor

Magaléa Mazziotti

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