Seleção Inglesa na câmara de gás Nazista

Entrada de Auschwitz: O Trabalho Liberta | Foto: arquivo pessoal Matt Gazzola

Um dos passeios mais marcantes que já fiz foi ter ido visitar Auschwitz, uma rede de campos de concentração Nazista em Oświęcim, no sul da Pôlonia. Tenho certeza que não preciso explicar aqui sobre as atrocidades desse regime, que assim como o Comunismo, foi responsável por milhões de mortes, realizadas simplesmente para atender os desejos de um ditador insano.

Então o post de hoje não será para tratar desse período macabro da história mundial, mas será para reclamar do que nós, quando turistas, estamos sujeitos a passar caso exista ”alguém mais importante” no mesmo passeio.

Cercas eletrificadas, que barravam as tentativas de fuga nos campos de concentração

Eu confesso que um dos locais mais chamativos que eu gostaria de ter a oportunidade de conhecer eram as “famosas câmaras de gás”, porém durante o passeio o meu grupo foi informado que não poderíamos visitá-las. O motivo? A seleção de futebol da Inglaterra estava naquele momento fazendo a visita e ninguém mais tinha permissão para ir, pois segundo a administração do hoje Museu de Auschwitz “os jogadores precisam de privacidade para não serem assediados”, pois isso atrapalharia a visita deles.

Rapaz, você acha que eu e os outros brasileiros que estavam comigo ficamos quietos? De jeito nenhum. Fomos muito claros em dizer para a administração que não havíamos ido até a Polônia para não termos o direito de visitar um dos pontos principais do passeio.

Pagamos ingresso para estar ali e era nosso direito visitar o que quiséssemos, se o motivo de não podermos era tão estúpido quanto esse. Quer dizer que eu visitar a câmara de gás iria atrapalhar a seleção inglesa, mas eles serem o motivo de eu não poder realizar a visita não estava me atrapalhando?

Enfim, muito bate boca depois, conseguimos a permissão para visitar as câmaras de gás. Nem olhei para seleção nenhuma, pois o meu interesse realmente não era ficar babando jogador de futebol. Existia uma história ali muito mais importante do que pessoas “que não podem ser incomodadas”.

Fornos onde os corpos eram queimados | Foto: arquivo pessoal Matt Gazzola

Essa visita às câmaras foi chocante – sem trocadilhos com a cerca eletrificada do campo. A energia sentida ali só não foi mais pesada do que a que senti ao ver os fornos onde as mulheres, crianças e idosos eram queimados após saírem sem vida das câmaras.

No final das contas, vivendo sob um regime macabro, não importa se é jogador de futebol famoso ou é uma simples pessoa comum, se a existência destes não for do agrado do ditador, acabarão todos juntos em uma câmara de gás.