Dicas de degustação para iniciantes: Os Sentidos e as Cores

Depois de passar ileso pela prova do vinho em restaurantes, com as dicas da coluna anterior, seguimos para técnicas mais aprofundadas que qualquer bom enófilo iniciante pode praticar. Não requer métodos complexos, simplesmente boa vontade em praticar as dicas aqui dadas cada vez que se deparar com vinho, não só bebê-lo como um refrigerante… a técnica levará o praticante a entender melhor as nuances do vinho, sua qualidade e seu terroir.

Inicialmente, o degustador precisa utilizar três bases para a avaliação das propriedades organolépticas do vinho: a visual, a olfativa e a gustativa. Há, também, em escala menor e mais profissional, o tato e a audição, mas deixe esses testes para aqueles que precisam efetivamente avaliar vinhos para fins comercial. Ainda, é importante lembrar que tudo deve ser feito de forma natural, sem ostentação desnecessária, o objetivo é descobrir o vinho e não parecer arrogante e pretensioso.

Enrico Bernardo, um profissional italiano altamente premiado e considerado por muitos o melhor sommelier do mundo, defende a teoria de que a avaliação visual e olfativa atingem 70% das informações do vinho, e que degustá-lo serve somente para confirmá-las…

No visual, denominam-se cores que, conforme tradições regionais, são catalogadas de forma diversa pelo mundo afora. Em relação aos vinhos brancos, as tonalidades mais comuns são: amarelo-esverdeado (jovem), amarelo-palha (não tão jovem, ou com estágio em barrica de carvalho que lhe retira o tom esverdeado), dourado (evoluído), âmbar e castanho (envelhecido ou velho).

Essa ordem exprime, normalmente, seu grau de envelhecimento, desde os tons esverdeados, provenientes de sua jovialidade, ou seja, mais ácidos e frescos, a serem bebidos no verão, aos tons âmbares, mais evoluídos, envelhecidos ou maculados pela oxidação.

Os rosés, intermediários entre os brancos e tintos, são identificados pelas seguintes cores: rosa-brilhante ou salmão claro (leves e cítricos), salmão escuro (encorpados) cereja, clarete ou acastanhado (evoluídos).

Importante ressaltar que os vinhos rosés estão perdendo, ao longo do tempo, o preconceito de bebida inferior que o brasileiro criou, logicamente sem profundidade técnica. Hoje temos excelentes opções de vinhos roses no país, desde os elegantes franceses aos ousados nacionais de regiões frias.

Já os vinhos tintos, preferência em grande parte do mundo, normalmente são classificados pelas seguintes tonalidades: vermelho-púrpura claro, cereja e grená (jovens), rubi e violáceo (mais elaborados o/ou evoluídos), terracota ou castanho (envelhecidos, velhos ou oxidados).

Importante é ressaltar que os últimos estágios de tonalidades de cores descritos nesta coluna, e que indicam seu grau de envelhecimento, nem sempre se referem a uma bebida passada… Por vezes, é o estilo do vinho, um Porto (português), ou um Jerez oloroso (espanhol), por exemplo. Ou mesmo um grande vinho europeu, extremamente evoluído. Aí vale muito a experiência do degustador.

Até semana que vem! Cheers!

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