Piti

Foto: Pixabay

As portas da emergência se abriram numa pancada forte e seca.

O maridão assustado gritava por ajuda, trazendo sua mulher inconsciente nos braços. Sem querer querendo, seu gesto esbaforido fez com que ela passasse na frente de outras 30 pessoas. Mais que isso, o impaciente exigiu que a paciente fosse prontamente atendida, tratando com grosseria toda a equipe de médicos e enfermeiros.

Após o exame, realizado às pressas por livre e espontânea pressão, o médico até tentou acalmar o sujeito:

– Olha meu senhor, sua esposa está fingindo estar desmaiada. Observe como as pálpebras dela tremem. Isso é um sinal de que ela está fazendo força para ficar com os olhos fechados. Além disso, a resposta neurológica é a de uma pessoa normal e consciente.

Foi quando ela apertou ainda mais os olhos, percebendo que acabara de cair do cavalo. Pois é, depois disso o homem precisou ser contido para que não esganasse a própria mulher.

Não é fácil trabalhar na área da saúde. Além de todo o desgaste natural de conviver com pessoas com dores e doenças e problemas, ainda é preciso paciência para aceitar que muita gente mente, o tempo todo.

No caso da simulação exagerada – também conhecida como dar “piti” – quase sempre o paciente está de olho em algum ganho secundário, como despertar a preocupação do cônjuge, a compaixão do médico…

De qualquer modo, são atendimentos que costumam atravancar a fila de espera, prejudicando pessoas que realmente precisam de ajuda.

Então, se for pra dar piti, que seja bem longe daqui!

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