Cheiro de pólvora no centro cirúrgico.

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Na mesa, um senhor luta pela vida enquanto tem seu tórax aberto para remendar um segmento da aorta. Entre o orifício de entrada e o de saída, uma verdadeira tragédia vascular dá um baile na equipe da cirurgia.

Daqui observamos assustados a brutalidade de cada dia. Não precisamos assistir noticiário ou folhear jornal. Para conhecer a maldade das pessoas, basta esperar as ambulâncias chegarem.

Nosso paciente é um dono de padaria que recebeu a visita desastrada de um ladrão que, ao esbarrar a pistola no balcão do caixa, deflagrou um projétil em seu tórax. Pois é, criminosos não sabem usar armas de fogo. Semanalmente presenciamos “acidentes de trabalho” como o de hoje, que costumam acabar muito mal. Dias antes – em um sinaleiro no Hauer – um assaltante afobado acertou um disparo no rosto de um motorista, depois de bater o cano da arma no vidro do carro. Embora tenha pegado de raspão, o sangramento assustou um bocado.

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Essas ocorrências não chegam a engrossar nenhuma estatística, mas são muito mais frequentes do que você imagina. Dentro da nossa hipocrisia social, a solução talvez esteja em oferecer treinamento de tiro para os criminosos.

Se o Estado permite que pessoas andem armadas mesmo sem registro, porte ou exame psicotécnico, porque não oferecer mais vantagens como cursos em estandes de tiro? Rotinas de manuseio com segurança, técnicas de travamento de disparo, treinamento de visada não letal ou cuidados de armazenamento de munição poderiam ser de grande valia.

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Então, se você é um político que tem o costume de criar projetos mirabolantes pensando na próxima eleição, taí uma boa sugestão. Capacitação da classe marginal já!

OLHA SÓ

Em 2010 a capital paranaense registrou taxa de 49 homicídios para cada 100 mil habitantes. Número igual, ou superior, ao de muitos países em guerra.