Arrisco dizer que a Rainha Elizabeth II, falecida no dia 8 de setembro, degustou muita camomila paranaense no seu tradicional chá das cinco, ao longo dos 70 anos que esteve à frente do trono britânico. Isso porque a erva de flores brancas e coroa amarela, com efeito calmante e digestivo, produzida por aqui abastece alguns países da Europa – como Itália, Inglaterra e Alemanha – e da América do Sul, além de farmácias e lojas do setor fitoterápico de diversos estados brasileiros.

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Atualmente, o Paraná responde por 90% da produção nacional deste tipo de erva medicinal. Em 2021, o estado produziu 1 mil toneladas de camomila, o que rendeu R$ 18 milhões aos produtores rurais. Em diversas regiões é possível encontrar lavouras de mais de 80 espécies de plantas medicinais, com destaque, claro, para a camomila, hortelã, melissa e o ginseng.

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O principal expoente da produção paranaense atende pelo nome de Mandirituba, município na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A cidade carrega o título de capital nacional da camomila, a planta medicinal mais cultivada no país. A produção é reforçada por outros municípios da RMC, como São José dos Pinhais, Araucária e Campo do Tenente. Vale lembrar que o plantio de camomila chegou ao Paraná há mais de 100 anos, pelas mãos dos imigrantes alemães, ucranianos e poloneses.

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No ano passado, Mandirituba, com cerca de 40 produtores, produziu 430 toneladas, segundo dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab). O montante é 53% maior na comparação com a Safra 2020, que rendeu 280 toneladas da erva medicinal. A expectativa é que a produção deste ano supere os anos anteriores, já que o ambiente e o clima seguem favoráveis.

Camomila é a planta medicinal mais cultivada no Brasil, sendo que o Paraná responde por 90% da produção nacional. Foto: Shutterstock.

Produz muito, consome pouco

Apesar de o Brasil, puxado pelo Paraná, ser um expoente mundial na produção de plantas medicinais, a ponto de exportar, os próprios brasileiros precisam ampliar o hábito do chá das cinco.

No ranking mundial de principais consumidores, os turcos aparecem no topo, com 7,54 quilos por habitante/ano, enquanto os ingleses ocupam a quinta colocação, com 2,79 quilos por pessoa/ano, conforme dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O Brasil, pasmem, está na 77º colocação, com míseros 290 gramas por cidadão/ano. Considerando que um sachê tem 22,5 gramas, o brasileiro toma apenas 13 xícaras de chá de camomila por ano (talvez aí esteja uma das explicações para o pessoal ser tão nervoso, estressado e sem paciência).

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Curioso que, entre tantas lavouras de soja e milho e granjas de frangos e suínos, o Paraná também é destaque em uma atividade rural tão específica, que atraí muitos cidadãos urbanos. E não só no mercado nacional. Afinal, na falta da Rainha Elizabeth II, o Rei Charles e demais integrantes da família real britânica, além de milhares de cidadãos europeus, provavelmente sigam consumindo a planta cultivada nas terras paranaenses no chá das cinco.

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