Modernidade líquida

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Com a Revolução Industrial, no final do século dezenove, surgiram as grandes estruturas, as fábricas gigantescas, a produção em série – da qual Henry Ford foi o símbolo – os sistemas hierárquicos de gestão, os processos rígidos, a dependência, o emprego seguro, a carreira pré-determinada, a aposentadoria programada e o futuro garantido. Tudo era estável, feito para durar. Por isso produtos e pessoas não mudavam. Um dos maiores intelectuais – o sociólogo Zygmut Bauman – rotulou a fase de modernidade sólida.

Ocorre que, passados mais de um século, tudo que vimos nossos avós e pais praticarem e viverem, não existe mais. Segundo Bauman, a modernidade agora é líquida, fluída. Fruto da evolução tecnológica, não há tempo para condensar nada. Nada é feito para durar. Tudo muda muito rápido. Tudo é novo só por 24 horas.

As instituições e empresas são mais leves, menos hierarquizadas. Algumas estão no notebook do empreendedor, que não tem sede, pois precisa de agilidade para correr o mundo investindo em novos projetos de novas oportunidades. Os empregos são temporários, as profissões mudaram, a dependência deu lugar à interdependência, à colaboração de talentos que se completam para atingirem objetivos comuns.

O Uber e a uberização chegaram. Não há mais chefes, mas líderes. Não há mais carreira, mas projeto de vida, que muda ao longo do caminho.

A reação natural das pessoas às novidades sempre foi a rejeição. E, num tempo em que as mudanças eram mais raras, quem mais reagiu a elas foi quem mais ficou para trás. Imaginem agora, com a tecnologia e a comunicação disponíveis a todo cidadão.

Antigamente, bastava se adaptar definitivamente a uma nova situação, mas com o dinamismo e a velocidade do mundo atual isso não basta mais. Temos que entrar num estado de permanente adaptação.

Há cinquenta anos, bastava saber um ofício ou conseguir um diploma universitário que o futuro estaria garantido. A carreira era como uma escada, na qual subíamos degrau a degrau até chegar ao topo. A maturidade profissional propiciava isso. Hoje, a escada ainda existe, mas é rolante e com viés de descida.

Precisamos corriqueiramente estar estudando, adquirindo novas habilidades e competências para subir. E quem ficar parado, não fica mais no mesmo lugar, mas vai lá para baixo. A melhor forma de permanecer jovem é mudar. A melhor forma de ter sucesso é estar disposto a mudar.

E as palavras-chave são: leveza, criatividade, parceria e adaptabilidade.