A matemática financeira do brasileiro

Um casal chega na loja de departamentos para comprar uma TV Smart de LED com 43”.

Pergunta o preço. O vendedor diz que sai por R$ 1.999,00. Aqui, uma estratégia de venda secular fantástica. Na cabeça das pessoas fica R$ 1 mil, mas na verdade são R$ 2 mil. Quando as pessoas querem consumir, o cérebro sabota a matemática.

Aí o vendedor emenda e diz que pode financiar em até 24 meses. O casal pergunta o valor da prestação e o vendedor diz que são R$ 180,00. O casal pensa na renda mensal, vê que dá para pagar e manda fechar o negócio.

Agora, a mesma loja de departamentos registrou quantos clientes, que efetivamente compraram algo, perguntaram a taxa de juros.

Sabem quantos deles o fizeram? Pois somente 21%. Isso, 79% compraram sem saber o juro embutido na prestação.

Vamos lá. Se o financiamento dos R$ 2.000,00 for em 12 vezes, o juro mensal será de 1,2%, se for em 18 meses 5,6% e se for em 24 meses, como o casal preferiu, incríveis 7,3% ao mês. Perceberam, em 24 meses paga-se 2 TVs ao invés de uma!

Em países desenvolvidos, ensina-se a poupar antes de gastar. Por isso, lá não se vende a crédito. Lá não existe compra em prestações. A pessoa poupa antes de comprar e paga o valor real do bem adquirido. Nem mais, nem menos.

Estudos meus indicam que a classe média pode deixar um terço da renda recebida na vida com os bancos. Daí a maior importância da educação financeira aqui. Mas não se faz, porque não interessa ao comércio, aos bancos e, muito menos, ao governo.

Se não sabemos calcular, temos que torcer para a inflação cair, e o juro- a SELIC permanecer baixo. E isso não basta porque até hoje, mesmo quando o Banco Central baixou a SELIC, os juros do crediário, do cheque especial e do cartão de crédito permaneceram nas alturas.

A única solução, meu amigo, é poupar antes de gastar!

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