Cooperativismo na Previdência Privada

Cooperativismo na Previdência Privada

Há quinze anos, eu me oferecia para fazer palestras nas empresas e faculdades com o intuito de educar financeira e previdenciariamente e sensibilizar as pessoas a cuidarem do seu futuro.

Na plateia, via 30, 40, não mais que 50 pessoas. Hoje, não tenho agenda e o auditório tem que ter lugar para mais de 300 pessoas.

Há quinze anos, 5 milhões de brasileiros tinham previdência privada, hoje 16 milhões têm um plano em um fundo de pensão, banco ou seguradora.

Citei esses exemplos para mostrar a evolução da previdência privada no Brasil.

Finalmente o brasileiro está se dando conta que só pode contar consigo mesmo para construir seu futuro financeiro.
O governo federal tem ajudado, inconscientemente, nessa conscientização. É que, infelizmente, quanto mais achatada fica a aposentadoria do INSS, melhor para a previdência privada.

Enquanto mais e mais trabalhadores ascendem financeiramente na carreira, mais e mais aposentados veem suas aposentadorias diminuírem em número de salários mínimos.

Antigamente, poucos precisavam de previdência privada, pois o INSS chegou a pagar aposentadoria de 20 salários. Hoje, paga, no máximo, 5,9 e, em 20 anos, serão 3 salários, ou uns R$ 2.811,00 atuais.

Além disso, a reforma da previdência vai instituir a idade mínima de, provavelmente, 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, as regras de pensão já foram mudadas e qualquer alteração que vier não vai aumentar benefícios e, sim, diminuí-los

Preocupadas, muitas pessoas me perguntam se previdência privada não é só para quem ganha muito.

Resposta: não. Até uns quinze anos atrás, só as grandes estatais e multinacionais tinham fundos de pensão e só seus profissionais tinham esse privilégio.

Mas, depois disso, nos bancos e seguradoras, foram criados os PGBLs e os VGBLs. E, mais recentemente, os fundos multipatrocinados, que oferecem previdência privada para qualquer empresa, de qualquer porte. Estes são mais seguros e, por não terem finalidade lucrativa, mais baratos e rendem mais.

Mas, e para quem é autônomo, profissional liberal, empresário ou empregado em empresa que não oferece esse benefício?
Pois, para esses, também existe uma alternativa: você já ouviu falar em cooperativismo? Trata-se de uma doutrina econômica que prevê uma associação de indivíduos que têm os mesmos interesses e objetivos.

Baseia-se em valores de ajuda mútua, na soma de esforços, e a cooperativa tem por fim a melhoria econômica e social de seus membros. A distribuição de resultados é proporcional à participação de cada cooperado.

Você certamente conhece um ramo que, apesar da imensa crise econômica, não para de bater recordes de resultados positivos: o cooperativismo agrícola, onde os cooperados acumulam mais dinheiro em seu bolso, dia após dia.

Pois bem, os fundos de pensão são como cooperativas de proteção social. Afinal, são instituições sem finalidade lucrativa, que administram recursos para a velhice de pessoas que se unem para um objetivo comum: a aposentadoria.

Todo o resultado dos investimentos é distribuído, por cotas, entre os seus membros. E os donos são exatamente os segurados que para ele contribuem.

Através de um plano de previdência cooperativo, qualquer um pode poupar em um fundo de pensão para conseguir um objetivo no futuro, seja ter reservas para uma aposentadoria, pagar um plano de saúde particular, custear uma faculdade para o filho, ou até para diversificar investimentos.

Me perguntaram se existe algum Plano Cooperativo no país, em que qualquer cidadão comum, com seu CPF, pudesse aderir.

Sim! E aqui vou falar do que conheço. Atualmente sou presidente de um fundo de pensão, o Fundo Paraná de Previdência, que administra um plano exatamente assim. Qualquer pessoa pode aderir desde que seja segurado do INSS ou de um Regime Próprio de servidores.

E, diferente do que muitos pensam, as contribuições mensais para um Plano de Previdência podem ser bem pequenas. É isso aí: o preço de jantar para garantir um sonho lá na frente.

Além disso, são necessários apenas três ingredientes, que não custam dinheiro: disciplina para poupar, perseverança de não desistir no meio do caminho e paciência até acumular o suficiente.