Já fui questionada várias vezes de não ter escrito ainda algo sobre a Pastelaria Juvevê. Morei muitos anos na região e para dizer a verdade, eu esperei durante esses três anos de Rango Barateza uma ocasião ou gancho diferente, que fugisse de todas as dezenas de reportagens e publicações em que a pastelaria já fez parte.
Então lembrei que eu tenho uma ligação especial com o lugar por causa do meu pai. Seu Natalício frequenta a pastelaria desde quando nos mudamos para Curitiba, há mais de 30 anos. Ele e o Ricardo Doi, proprietário, têm idade parecida. Meu pai tem 71 e seu Ricardo 75. Foram várias as vezes em que meu pai, depois do trabalho, passou na pastelaria para tomar umazinha. Na volta para a casa, na tentativa de aliviar a bronca que levaria da minha mãe por ter demorado na volta do trabalho, levava sempre alguns pastéis.
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O pastel do Juvevê tem sabor de nostalgia e, ao mesmo tempo, me lembra de que é preciso ter fome razoável para encarar um dos “travesseiros” – ou “orelha de elefante”. “Acho que o que chama a atenção mesmo é o tamanho do pastel”, confidencia Ricardo, enquanto conversava comigo, atendia os amigos do balcão, contabilizava o dinheiro e buscava umas cervejas para a clientela.

Aliás, clientela ele conhece muito bem. Boa parte dela seu Ricardo chama pelo nome – uma relação de amizade, que atravessa anos, gerações. “Aquele ali eu conheço desde quando era pequeno, vinha desde novinho”, disse, ao apontar para um rapaz que estava sentado numa das mesas do salão.
300 kg de massa de pastel por dia
As 80 cadeiras estão quase sempre lotadas. As mesas grandes se enchem rapidamente. O salão ferve de amigos, turminha nova ou pessoal da velha guarda, sempre acompanhados dos famosos pastéis, uma cervejinha gelada ou uma tubaína. Se for passar um tempo na pastelaria, entenda que o lugar é cheio e o aroma de pastel fica no ar… e na roupa.
A Pastelaria Juvevê funciona há 42 anos. No começo, era só o pequeno corredor com o balcão. Com o passar dos anos a pastelaria aumentou. O salão ficou maior e a cozinha precisou também de mais espaço. Se antes os pastéis pequenos vendiam menos, com o tamanho grande a quantidade que sai é muito maior. Seu Ricardo não sabe dizer quantos pastéis saem por dia, mas só de massa, são quase 300 kg preparadas diariamente.

“80 kg de carne, 30 kg de queijo que chega aqui na pastelaria por dia. Ainda tem os outros recheios, carne seca, frango desfiado. Minha esposa não sabia fritar um ovo quando casamos. Minhas irmãs ensinaram ela a cozinhar e foi ela quem criou os mais de 300 tipos de pastel que temos no cardápio”, revela.
Masako Kamakura tem o sorriso fácil e está sempre no caixa. Faz todas as contas de todas as mesas de cabeça. Cobra os clientes e se organiza nas comandas ainda escritas à lápis e com a ajuda de um bloquinho de papel. Ela e o marido trabalham de segunda a sábado, quase o dia todo. Mas tiram folga de vez em quando, sempre que dá.
“Esses dias atrás estava em Nova York. Fiquei 15 dias lá. Eu queria poder viajar mais, mas o trabalho aqui não deixa. Quero conhecer Paris, quero ir para o Japão”, sonha o empresário.
Recentemente, a pastelaria foi homenageada na Assembleia Legislativa do Paraná. “Ganhamos o título de melhor pastel de Curitiba!”, comemora seu Ricardo, ao mostrar pelo celular a gravação da cerimônia com os deputados. Foi no dia 18 de julho que ele e mais outros empresários da área de restaurantes receberam a homenagem por parte dos deputados.
Entre um papo e outro, seu Ricardo não deixava em nenhum momento de dar atenção, receber dos clientes e buscar uma boa cerveja gelada enquanto conversávamos no balcão. O papo ficou um pouco truncado, mas a entrevista rolou.
Mais de 300 sabores
Antes da conversa e do papo no balcão, sentei numa das mesas da pastelaria e voltei no tempo com o pastel de carne. Meus sabores favoritos foram mudando com o tempo, se antes eu gostava do pastel de queijo, já teve tempos em que meu preferido era o de strogonoff e teve até meus tempos de carne seca com requeijão. Desta vez pedi uma novidade: costela desfiada com queijo, ovo e bacon.
O tamanho é especial, então ele é quase maior que o prato, bem grande e bem recheado. Ele custou R$ 32, mas não comi sozinha. Não iria dar conta. Meu pai provou um de queijo, brócolis e bacon, também muito bom, e conseguiu devorar tudo sozinho. Agora, imagina, um pastel tradicional só de queijo, que é bem maior que os pastéis que a gente costuma ver por aí, custa só R$ 12.

A massa é boa, sequinha, mas na Pastelaria Juvevê o que chama atenção mesmo é a variedade imensa de sabores e o tamanho considerável deles. Para quem procura algo grande, vale a pena. A partir de R$ 10 você consegue comer um pastel.
Para acompanhar o salgado, vários tipos de molhos, vinagretes e pimentas. Acredite na bisnaga com a etiqueta “pimenta forte”, pois ela é ardida mesmo. Na mesa sempre tem um dos potes de vinagrete da casa, com repolho, cenoura, cebola e pepino. Tem sabor suave. A ideia é experimentar os molhos e escolher um que combine melhor com o seu pastel e com o seu paladar.
E não tem só pastel, tá? Apesar do nome, a casa também oferece sanduíches, petiscos, tem até dobradinha e bife com salada – para quem não quer fugir da dieta.

Pastelaria Juvevê
A Pastelaria Juvevê fica na Av. João Gualberto, 1817. Abre de segunda a sábado, das 9 às 22h30. Fechada aos domingos.
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Sanduíches;
Sopas;
Pizzas;
Massas;
Doces e sobremesas;
Salgados;
Pratos feitos;
Carnes;
Petiscos;
Buffet.
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